Vencedores do Oscar | Os Últimos Passos de um Homem (1995)

Na quinta e mais recente indicação ao prêmio de Melhor Atriz, Susan Sarandon saiu do Oscar 1996 com a estatueta em mãos

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Helen Prejean (Susan Sarandon) é uma freira diferente. Dispensa o hábito e as cores escuras, dirige acima do limite da velocidade e mora num bairro pobre e majoritariamente negro. É solícita com tudo e todos: e por isso, ouve o clamor de Matthew Poncelet (Sean Penn), encarcerado e prestes a cruzar o corredor da pena de morte. 

A princípio temerosa em visitá-lo e, na sequência, assumir a função de conselheira espiritual, a irmã entende sua função como receptáculo da palavra de Deus e segue seus preceitos: ouvir ao próximo, não definir alguém pelo pior ator que cometeu e oferecer a menor das misericórdias. Os Últimos Passos de um Homem é um filme de drama contido, centrado nas emoções não-ditas e naquelas há muito perdidas.

O filme foi indicado aos prêmios de Ator, Atriz, Direção e Canção Original – para Bruce Springsteen; uma década depois, Sean Penn e Tim Robbins venceram o Oscar por Sobre Meninos e Lobos (Foto: Gramercy Pictures)

Na direção de Tim Robbins, rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Susan Sarandon, àquele momento em sua quinta indicação ao Oscar. A performance é praticamente dividida entre ouvir e falar, com foco na primeira ação. O roteiro de Robbins, baseado no livro escrito pela freira da vida real, coloca Sarandon do lado de lá do vidro na prisão, refletindo os posicionamentos e ações do personagem de Penn.

Ele, na primeira indicação da carreira, ostenta o ar imaturo e o preconceito de todos os gêneros e tipos: é narcisista, racista, homofóbico e intolerante, mas jura que não estuprou e matou os dois adolescentes – papel de estreia de Peter Sarsgaard e de Missy Yager. Jura que foi tudo autoria do comparsa, mais experiente e mais perigoso. Helen ensaia acreditar no testemunho do homem, embora mantenha as barreiras de segurança levantadas até que a injeção letal seja aplicada.

O título “Dead Man Walking” é um termo de gíria usado pelos guardas prisionais ao escoltar prisioneiros no corredor da morte de suas celas para a câmara de execução (Foto: Gramercy Pictures)

Pois, como o caso verídico aponta, a pena de morte foi executada em Poncelet, um sujeito além do que a sociedade enxerga como perdão ou absolvação. Os pais das vítimas igualmente confrontam a freira, que passa a ouvi-los com a mesma boa vontade que o fez com o acusado. Mas isso está longe de bastar para o senso de justiça que os Estados Unidos assumiram como mantra no século passado.

Em tempos que uma atriz é ostracizada por viver uma trabalhadora do sexo, o que diriam os espectadores que assistem a Sarandon interpretar uma mulher que se digna a ouvir e aconselhar um assassino sanguinário? São de figuras assim, cinzentas na teoria e multifacetadas na prática, que os atores melhor exercitam seus músculos de piedade e reconhecimento. 

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