Realizado por um coletivo palestino-israelense e indicado ao Oscar 2025, o documentário No Other Land foca em um assunto que, infelizmente, não deixa de ser atual. O conflito em Masafer Yatta, local que luta há duas décadas pela sobrevivência e existência. Enquanto forças de Israel destroem escolas e demolem casas, as famílias precisam viver em cavernas, sujeitas ao pior possível.
No centro da co-produção Palestina-Noruega, o ativista palestino Basel Adra e o jornalista israelense Yuval Abraham filmam o cotidiano, formado por imagens de brutalidade e segregação. Além dos dois, juntam-se os co-diretores Hamdan Ballal e Rachel Szor, figuras que, por trás das câmeras, certificam-se de mostrar o que acontece.

Basel grava sua pequena vila desde a infância, e tem no ativismo um traço de familiaridade e conservação. Quando Yuval chega, munido das redes sociais e do baixíssimo engajamento que as postagens sobre a ocupação geram, eles precisam continuar perseverantes na árdua tentativa de angariar comoção.
Os militares abusam do poder e do arsenal, rindo do trabalho de formiguinha que os jovens adultos realizam em longas jornadas e quase nenhum reconhecimento ou retorno. No Festival de Berlim, o documentário começou sua caminhada longeva de sucesso, aclamação e decoro. É, até o momento, o filme de não-ficção mais premiado da temporada.

Gravado entre 2019 e 2023, antes do ataque do Hamas em outubro do mesmo ano, No Other Land continua a toada do cinema documental provindo dos países que sofrem com a repressão e a morte. O Oscar reconheceu 20 Dias em Mariupol, longa que retrata o conflito que a mídia parece mais interessada e engajada.
Fato é que No Other Land, apesar do currículo e dos feitos, luta por distribuição norte-americana – e nem a presença na pré-lista da Academia pareceu ajudar o caso de um filme carregado de críticas às ações israelenses. Feito, em grande parte, por cineastas nativos não só à terra, à língua ou aos costumes, mas também ao perpétuo estado de insegurança e desespero.
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