Em Setembro 5, uma equipe americana de transmissão esportiva precisa se adaptar para a cobertura ao vivo de um grupo de atletas israelenses feitos reféns por terroristas. O filme de Tim Fehlbaum, indicado ao Oscar 2025 de Roteiro Original, reconta os eventos que aterrorizaram as Olímpiadas de Munique, na Alemanha, em período de tensão político-social.
Menos de vinte e cinco anos depois do fim da Segunda Guerra, e na vã tentativa de receber o mundo para a maior celebração do esporte, o país enfrenta mais do que alguns fantasmas. A polícia não tem permissão para carregar armas na Vila Olímpica, tampouco o governo quer que o clima de temor e tensão traga o pior dos deja vus.

Reunindo meia dúzia de personagens em uma central de transmissão, September 5 tem cara e pedigree das produções televisivas que a HBO tornou-se hábil em lançar na programação semanal. O que Fehlbaum busca aqui, porém, é a manipulação dos limites éticos e morais do jornalismo, sem o glamour que a profissão comumente ganha em suas ficções.
Pense na tensão em bomba-relógio que o recente Saturday Night falhou em manejar, e aplique o contexto social e histórico para os eventos do drama, uma vitrine para os talentos comedidos e controlados de um quarteto de atores. Sem protagonistas óbvios, o roteiro do diretor em parceria com Moritz Binder e Alex David ilumina os distintos papéis de uma produção de jornal.

Só que quem comanda não é o segmento das Notícias, e sim o de Esportes, in loco e a poucos metros de distância do palco do sequestro. Na montagem de Hansjörg Weißbrich, ficção e realidade são friccionadas e sobrepostas, em um desempenho acima da média no que diz respeito a alternância de fato e encenação, e na maneira que Setembro 5 sabe quando e como cortar de um para outro.
John Magaro, que começou a carreira como extra no set de Munique, drama de Steven Spielberg que visita o mesmo acontecimento histórico, atua para as primeiras fileiras, com aquela concordância e comprometimento que sua filmografia esbanja sem pudores. Tão importante para a dosagem de humanidade do filme é a performance de Leonie Benesch (de A Sala dos Professores), como a tradutora alemã que busca as pazes com o passado do país.

Peter Sarsgaard não deixa a careca luminosa ofuscar os pepinos com os quais lida e fatia sem ver a quem, assim como Ben Chaplin, na beira de um precipício emocional dos grandes. Efetivo e eficaz na tensão, Setembro 5 simplifica um bocado as entranhas políticas e contextuais de seu maior drama, passando-se como uma simples epopeia de bem contra o mal, e sem o cuidado de delimitar, com a mesma astúcia que monta a maquete histórica, quem são as vítimas e quem empunha as armas.
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