Em 11 de outubro de 1975, o produtor Lorne Michaels (Gabriel LaBelle) colocou no ar da NBC o primeiro programa do que seria conhecido como Saturday Night Live. Commodity da cultura americana, especialmente a nova-iorquina, o sketch show permanece no ar até hoje e representa um tipo de humor baseado em paródia. É, também, o berço de muitas almas comediantes.
Jason Reitman (de Juno, Amor sem Escalas e Tully) dirige Saturday Night com o caos ácido que tomou conta dos bastidores do 30 Rockefeller Center. Em clima de contagem regressiva, o jovem e inexperiente Michaels tem noventa minutos para aprontar tudo e receber o ok dos produtores executivos. No caminho, é óbvio, armadilhas, gambiarras e o ego dos maiores artistas da época.
Reitman convoca Gil Kenan, diretor de A Casa Monstro e dos recentes Ghostbusters, para co-escrever um roteiro repleto de participações especiais, referências ultraespecíficas e um bololô de gritaria e confusão. Saturday Night foi lançado no Festival de Toronto, de onde esperava sair com o Prêmio do Público e alavancar uma campanha ao Oscar.
Para o azar dos realizadores, o filme ficou de fora do pódio e perdeu o momentum para competir nas vindouras premiações. Acontece que, tratando-se de uma comédia encomendada para agradar os aficionados pelo programa, as audiências estrangeiras aos trâmites dos anos 70 na TV aberta boiam em quase duas horas.
Como objeto à parte da mitologia do programa, o filme diverte e se prova como comédia caótica de erros. Inserido no contexto, fica melhor ainda, mas aí é tudo lição de casa. Aproveita mais quem chegar à parte da relação tempestuosa de Lorne e Rosie Shuster (Rachel Sennott), ou da má fama de Chevy Chase (Cory Michael Smith), ou ainda da estranheza de Andy Kaufman (Nicholas Braun).
No elenco, todos os jovens promissores da cena hollywoodiana brincam de referenciar os predecessores. Temos Dylan O’Brien como o gostosão Dan Aykroyd, Lamorne Morris no papel do deslocado Garrett Morris, Finn Wolfhard como um perdido assistente de produção e Cooper Hoffman torrando as paciências como o produtor Dick Ebersol.
Entre a gente grande, Jon Batiste assina a trilha sonora original – composta ao vivo durante as gravações -, e dá uma palhinha como Billy Preston, um dos primeiros convidados musicais do programa. Ainda, Willem Dafoe, Tracy Letts, Matthew Rhys e J.K. Simmons assustam a garotada, transitando entre o chefe executivo casca grossa e o ator veterano que não tem saco para os calouros. E nem deu tempo de citar a participação de Kaia Gerber, o outro papel de Nicholas Braun, as cenas com Andrew Barth Feldman e por aí vai.
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