All Stars 10: o grupo Laranja estreia novo formato de Drag Race

Torneio de All Stars mistura matemática e sistema de pontos, mas refresca as repetições do reality

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Já são quase vinte anos de perucas, calcinhas e batons na tela de TV, com RuPaul’s Drag Race precisando buscar maneiras de driblar a repetição e manter a curiosidade de quem assiste e o afinco de quem compete. Para a décima temporada do All Stars, dezoito drag queens batalham em grupos, buscando pontos e, no fim, a sonhada Coroa que acompanha o cheque assinado por Mama Ru.

O time laranja competiu nos três primeiros episódios da temporada, servindo looks icônicos, drama de leve e todo o je ne sais quoi que faltou na recente, embora esquecível, season 17 do programa original. Aja, de volta depois do All Stars 3 – e do breve período onde parou de se montar e trocou a arte pelo conteúdo adulto nas redes sociais, tem muito a provar.

A dança de Aja ao som de Ice Spice trouxe o frescor que os Lip Syncs da season 17 amargaram na audiência (Foto: World of Wonder)

Agora livre em sua identidade irreverente como mulher trans, a queen apostou em referências ao mundo de Pokémon e não deixou barato para as competidoras. Repetindo a vitória na estreia de sua última participação em Drag Race, Aja obliterou o primeiro desafio, uma tarefa que envolveu rock and roll e seios fartos.

A canção utilizada, batizada de Winner Winner, Chicken Dinner, colocou as seis rainhas em trajes oitentistas, com perucas armadas e muita bateção de cabelo e guitarra no ar. Ao lado de Aja, a vitória foi para Irene the Alien (anteriormente Irene Dubois), que chega da season 15 sem nada a perder. Afinal, a diva de Seattle é a única competidora em todo o programa a terminar em décimo sexto lugar.

Murder on the Dance Floor foi o tema do episódio 2, que colocou as irmãs drags Irene e Bosco para dublar ao som do sucesso ressuscitado por Saltburn (Foto: World of Wonder)

Provando que tudo é questão de timing e um pouquinho de sorte, Irene passou de Porkchop a franco favorita, vencendo os 3 Desafios principais e os dois Mini-Desafios. Sua polidez foi exposta nas passarelas, com riqueza de detalhes, muita atenção ao seu estilo em mistura ao que Drag Race espera de suas competidoras. Embora tenha perdido as primeiras dublagens para Aja e Bosco, Irene venceu o Lip Sync do episódio 3, assegurando sua posição de ouro.

E falando de Bosco… A antiga rainha demônio de Seattle agora mudou seu slogan para a transsexual favorita de Deus, num retorno ao Ateliê nada menos que glorioso e unânime. Da entrada acachapante, passando pelos seios e zíperes, chegando ao caixão-espartilho e a filha drag em confluência de brilho e pérolas, Bosco dominou as redes sociais, os vídeos de reações e o brilho nos olhos de RuPaul, que elogiou sua postura – e os recém-comprados seios – em toda oportunidade que teve.

Drag Race não é fiel a seu DNA sem drama nas redes sociais: depois de comentários ácidos da convidada Ice Spice, Phoenix botou a boca no trombone (Foto: World of Wonder)

Essas foram as três drags com mais pontos, ou seja, aquelas que avançam à Semifinal, quando os times se mesclam e a competição reseta. Olivia Lux, companheira de ballroom de Aja na Miyake-Mugler, mudou sua estética e personalidade da 13ª temporada para chegar ao All Stars 10 com fome de Coroa.

Não deu certo, mas não foi por falta de tentativa. Ela ousou em alguns visuais, mas foi engolida pela entrega, energia e recepção do restante do elenco. Teve uma leve colisão com Bosco e desonrou a aliança com Aja, queimando o filme dentro e fora do reality. Por aqui, os fãs mostram o descontentamento com sua performance, embora o racismo dos comentários não passe despercebido. 

A aliança Mi-Mu durou pouco, mas Aja conseguiu avançar às Semifinais (Foto: World of Wonder)

DeJa Skye, antigamente tida como a Princesa dos Tons Pastéis, mudou seu jeito de ver o mundo depois de quase morrer na mesa de cirurgia. No México, a queen passou por procedimentos estéticos e sofreu um bocado, compartilhando com RuPaul e com a audiência a pressão que a mídia e a ditadura da magreza martelaram em sua cabeça, chegando a níveis extremos. Fora desta questão pessoal e extra-show, a queen da season 14 não registrou.

Diretamente da temporada 3, ou do Antigo Testamento, vem Phoenix. Lendária na cena de Atlanta, ela gerencia bares, cuida dos trâmites organizacionais e fez seu nome para além do programa, de onde é lembrada pelo look quase idêntico que compartilhou com India Ferrah logo na entrada. Prison, honey. Um tanto assustada pela magnitude do reality atual, a rainha passou batida, somando apenas 1 ponto – dado a ela por Bosco logo na estreia.

Será doloroso passar seis semanas distantes de Bosco, Aja e Irene, mas o All Stars 10 começa promissor (Foto: World of Wonder)

Com mais 12 drags prestes a desfilarem em busca de um lugar entre as três melhores, o All Stars 10 parece ter quebrado o código de como manter-se relevante e gostoso de assistir. Enquanto esperamos as adversárias de Bosco, Irene e Aja, é hora de aproveitar o Time Rosa, com a presença sempre fundamental – e destituída de papas na língua – de Mistress Isabelle Brooks!

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