All Stars 10 | Grupo roxo devolve as doses adormecidas de frustração

Ginger Minj, inocente quanto aos resultados da Competição, tornou-se bode expiatório para os fãs

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Mais do que um reality de competição, Drag Race é um programa de favoritismo e alinhamento milenar. Se os dois primeiros grupos do All Stars 10 sublinharam o Talento e a Audácia de suas queens, o bracket roxo distorceu mais uma vez a percepção de quem assiste, desta vez favorecendo alguém menos querida pelos fãs.

Duas coisas podem ser verdade ao mesmo tempo: Ginger Minj é ótima no que a competição demanda, e sua fantástica participação no All Stars 10 teve dedo da produção. Afinal, ela foi protagonista do único bracket que teve todos os desafios em grupos e com temas próximos ao que a vice-campeã da season 7 melhor triunfa: design com foco na comédia, música country e improvisação para lá de camp.

O grupo roxo pareou as Bettys e trouxe de volta a favorita dos fãs Denali (Foto: World of Wonder)

Minj, em sua quarta participação no programa, poderia obter os pontos e vitórias sem o empurrão de quem escreve nas estrelas o destino das queens, mas suas 3 vitórias e 2 Dublagens vencedoras apenas mancham o que poderia ser outra Corrida positiva para a Sapa Fashion. Mas seu favoritismo, especialmente num grupo de drags tietadas como Denali e Daya Betty, é amargo e tira um pouco do brilho dos grupos Laranja e Rosa.

Em Wicked Good, as queens formam dupla e desenham vestidos opostos, ao melhor estilo de Glinda e Elphaba. Julgadas em seus pares, Daya e Ginger vencem, apesar da história extravagante de Acid Betty e Denali, ou do humor apresentado por Alyssa Hunter e Cynthia Lee Fontaine. O Lip Sync da versão original de Defying Gravity coroou o retorno de Ginger ao Ateliê, depois de passar raspando pela Coroa no All Stars 6.

Gravado em meados de 2024, o episódio aconteceu sem que as queens tivessem, de fato, assistido ao trabalho das convidadas Ariana Grande e Cynthia Erivo na pele das Bruxas de Oz (Foto: World of Wonder)

Na semana seguinte, trios de country foram agraciados pela surpreendente voz de Cucu, pela dança de Denali e até pela comédia de Alyssa, mas foi Ginger uma das colocadas no Top 2. Pior ainda, ao som de See You Again e usando um macacão mais Elvis do que Miley, ela ganhou a Batalha contra uma enérgica Denali. Quer mais material para uma parcela nociva de fãs que a perseguem desde os tempos da temporada 7? É só alocar um desafio de improv com personagens cachorros na terceira semana do bracket roxo.

Ginger dominou com folga, desta vez perdendo o Lip Sync para Daya, mas ainda assim avançando na liderança para a Semifinal. As custas dessa operação caíram nas costas de Denali, apesar de vencedora de um Desafio, que ficou para trás. A simpatia de Cucu colocou a veterana na frente, com 5 pontos adquiridos por doações das colegas. 

Com passarelas inspiradas em Miley Cyrus e em bonecas de papel, as queens foram mais uma vez alvejadas pela opinião pessoal e equivocadíssima de Michelle Visage: 200 anos separam Shakespeare de Maria Antonieta! (Foto: World of Wonder)

Acid Betty, companheira da season 8 de Cucu, entendeu o escrito nas estrelas e fez o possível para impulsionar a amiga, no momento mais emocionante do grupo. A promessa de desenhar os looks de Cynthia para a parcela final da temporada apenas demonstra o caráter íntegro de Acid, uma queen que demorou a voltar ao jogo e infelizmente saiu sem os devidos louros. 

Cucu, provavelmente a Rainha de todas as Simpatias, revelou sua batalha contra o câncer, cirurgia para implante de quadril e até uma participação na novela Vai na Fé, sempre muito querida com as queens e com a audiência. Não é por acaso que ela ganhou tantos pontos MVQ e avançou, por mais que sua passagem para a semifinal soe menos competitiva que as demais drags.

Denali venceu o único mini-challenge do grupo, uma sessão de fotos inspirada em As Patricinhas de Beverly Hills, e bem poderia ter levado meio pontinho pelo triunfo (Foto: World of Wonder)

Ao lado de Tina Burner, Denali venceu um Desafio mas ficou para trás – e isso sem o caos de Mistress para entrar no caminho, numa antítese do acontecido no grupo Rosa. Foram as circunstâncias do jogo, e RuPaul não iria se mexer para mudar o destino, visto sua reação sempre mais fria do que deveria para o lado artístico de Denali. Depois do suposto chilique no episódio 8, piorou para o lado da patinadora, que continuou hipnotizando os fãs, impressionando nas passarelas e sendo um colírio in e out of drag.

Isso para o azar de Alyssa Hunter, que até soletrou trade na jaqueta do confessionário, mas serviu apenas vergonha alheia. Citou, sem parar, dois momentos que ninguém ligava nem lembrava da season 14 (a arma de dinheiro e a fala para Daya no Reencontro) e só fez papel de boba. Deu em cima de Orville Peck nas gravações da canção, canalizou o sapo Caco na faixa e desfilou lindos vestidos. Trata-se do clássico movimento da produção em escalar uma queen que não impactaria em nada no jogo, mas que brilharia, mesmo que pouco, na Runway e nos pequenos fiapos de drama. 

The Golden Bitchelor, espécie de derivado do desafio do All Stars 3, escalou Zane Phillips no papel do cobiçado solteirão (Foto: World of Wonder)

O episódio 10 reiniciará a competição, com as nove queens classificadas brigando pela Coroa. Filmado meses após o final dos brackets, os momentos de tensão terão consequências no mundo real, com rivalidades, novos visuais e o icônico Snatch Game à vista. Tudo será resolvido – ou não, já que Drag Race adora polemizar suas decisões, normalmente optando pelo mais raivoso e desagradável dos resultados.

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