Olhos de Wakanda é animação voluptuosa e cheia de criatividade

Animação que expande a mitologia de Pantera Negra é boa pedida para os órfãos da Marvel

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Na longa História da nação de Wakanda, o predatismo colonial desempenhou papel de destaque. A forma de remediar os roubos e a violência foi com a criação dos Cães de Guerra, grupo de guerreiros que, sob disfarces, se infiltrava em impérios e recuperava os artefatos perdidos. Olhos de Wakanda, minissérie animada que estreou sem alarde no Disney+, oferece quatro capítulos desta jornada.

Escrita e dirigida por realizadores habituados ao formato animado, com currículos que partem de Ben 10 e chegam até Vox Machina, a série antológica começa 1200 anos antes de Cristo, quando a rebelde guerreira Noni (Winnie Harlow), expulsa da organização das Dora Milaje, precisa provar seu valor perante o reino e entrar numa missão arriscada e sem precedentes: derrotar o monarca conhecido como O Leão (Cress Williams).

A modelo Winnie Harlow dá voz a primeira protagonista de Olhos de Wakanda (Foto: Disney+)

Do inevitável triunfo, cabe a ela gerir os War Dogs, que serão protagonistas dos episódios seguintes, com meia hora de duração cada, e visitando distintos períodos de tempo. A Guerra de Tróia ambienta Legends and Lies, quando Aquiles (Adam Gold) e Memnon (Larry Herron), de braços dados, invadem o castelo com o cavalo de madeira.

Mas, se o herói grego acusava os inimigos de traição, seu mundo cai em ruínas quando ele percebe que o próprio aliado tem interesses próprios. Como toda boa adaptação do mito do guerreiro quase indestrutível, o laço afetivo e amoroso entre Aquiles e o infiltrado wakandano B’kai rege de maneira trágica os rumos de suas vidas.

Legends and Lies mostra a tragédia de Tróia pelos olhos de Wakanda (Foto: Disney+)

No terceiro capítulo, que viaja até um período de guerra na China coberta de neve, um imprudente agente de Wakanda, Basha (Jacques Colimon), acaba seduzindo de maneira arbitrária uma guerreira inimiga. Acontece que, sem perceber, ele acaba transportando Jorani (Jona Xiao) para dentro do país, onde a mulher se revela mais furiosa e poderosa do que ele julgara.

Apresentando, também, uma das encarnações do Punho de Ferro, Olhos de Wakanda pincela a criatividade que existe para além do ultraconectado cânone da Marvel. Embora a produção não se amarre ao universo dos Cinemas e tampouco aponte para a ambientação numa Terra paralela, fica evidente o potencial dramático, cômico e colorido do arquivo de heróis e vilões.

Em Lost and Found, Wakanda conhece a Punho de Ferro (Disney+)

O lançamento de Eyes of Wakanda, infelizmente, afirma outra estratégia do estúdio, que parece pouco se importar com a divulgação e o retorno de suas séries protagonziadas por negros. Em julho, Coração de Ferro foi despejada no streaming, sem entrevistas do elenco ou atenção da mídia. Agora, na semana seguinte ao caloroso aterrissar do Quarteto Fantástico nos cinemas, a animação passa despercebida.

E não é um mal para o formato, já que as estafantes e repetitivas três temporadas de What If? ganharam ampla divulgação e holofotes. Eyes of Wakanda, embora mais tímida e menos ambiciosa, é um projeto de caráter ímpar e se aventura por territórios pouco explorados no MCU.

The Last Panther apresenta a audiência à futura encarnação da Pantera Negra, voz de Anika Noni Rose, que precisa negociar com dois guerreiros do passado (Foto: Disney+)

O quarto e último episódio, sob o título de The Last Panther, amarra a figura do protetor do país com os Cães de Guerra. Até viagem no tempo, ao melhor estilo Dias do Futuro Esquecido, preenche o caos da história. Desta vez mais aliada ao sentimento de referenciar o futuro de Pantera Negra, a animação termina em tom autoritário, mostrando que cada peça deveria cair de maneira particular para que o globo girasse da maneira correta. 

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