Após quase uma década, Xuxa se arrisca novamente no universo infantil, agora adaptada à era digital
Com o nascimento da filha Sasha, Xuxa Meneghel percebeu que as crianças consumiam conteúdos infantis de forma cada vez mais simples e lúdica. Foi então que ela identificou um novo formato.
Desacreditado no início e inspirado em Barney e no grupo australiano The Wiggles, Xuxa Só Para Baixinhos (XSPB) rendeu treze volumes, quebrou recordes de vendas, gerou turnês e garantiu dois prêmios Grammy. A coletânea dominou o mercado de DVDs, mas, com a extinção da mídia física, o crescimento da pirataria e um boicote da gravadora Som Livre, o lançamento de um novo volume ficou inviabilizado por anos.
Além disso, novos produtos infantis, como Galinha Pintadinha e Luccas Neto, ganharam espaço, enquanto a Música passou por transformações impulsionadas pelas redes sociais. Assim, era de se esperar que o projeto não fosse retomado.
Quase dez anos depois, Xuxa ainda acredita na relevância da série, mesmo que as crianças de hoje consumam música de forma diferente de 25 anos atrás. Com a 14ª edição do projeto, ela disputa a atenção do público infantil em um cenário de múltiplas telas, oferecendo clipes no YouTube e lidando com a autonomia dos pequenos, que antes acompanhavam faixa por faixa e hoje podem escolher diretamente o que desejam ouvir, sem necessariamente assistir aos vídeos.
Com a temática de cores, o projeto atual se diferencia do anterior pela estética vibrante e carregada de informações. Os fantoches, por exemplo, incorporados no passado como substitutos do corpo infantil, perdem espaço diante da abundância de elementos visuais produzidos por Inteligência Artificial.
O uso da IA talvez seja o principal problema do novo Só Para Baixinhos. O clipe da faixa Qual é a Cor da Amizade?, parceria com Angélica, é o que causa mais estranheza. No vídeo, as duas se transformam em avatares gerados por computador, mas o resultado não convence devido aos atrasos na sincronização entre a fala e a música. Em outros clipes, a alternância de visuais compromete a identidade do álbum, pois não segue um padrão.
Para ilustrar as canções, diversos artistas experientes foram convidados, como Rafaella Tuma, conhecida pelos vídeos divertidos na internet; Haroldo Guimarães Neto, que trabalhou em diversas animações da Disney, como A Pequena Sereia e A Princesa e O Sapo; Guilherme Francini, ilustrador dos livros infantis escritos por Rita Lee; e Reinaldo Waisman, responsável por criar o cenário do Xou da Xuxa e colaborar com Mauricio de Sousa.
Tuma, por exemplo, reuniu, no clipe de Cores e Rimas, elementos icônicos do universo de Xuxa, como o Dengue, o Praga e até mesmo a ex-diretora Marlene Mattos. Já o videoclipe de Vermelho, interpretado por Junno Andrade, também se destaca pela animação bem-humorada, contando a história de um homem desajeitado que esquece de passar protetor solar e se assusta ao ver seu reflexo com a pele avermelhada.
Ao todo, são treze faixas inéditas, compostas por Junno Andrade e produzidas por Carlos Bezerra, que já trabalhou com Luísa Sonza, Priscilla e Hodari . As ex-Paquitas Andréia Veiga, Tatiana Maranhão, Lana Rhodes e Ana Cecília participam do coro da maioria das canções. Algumas músicas, no entanto, soam repetitivas, pois as palavras e os temas se esgotam em minutos.
Em Preto e Branco, Xuxa homenageia Rita Lee com uma caracterização impressionante. Aliás, os figurinos são um dos pontos fortes do álbum, contribuindo para a estética marcante e nostálgica que permeia a nova fase do Xuxa Só Para Baixinhos.
Com uma nova identidade musical e abordando temas como alimentação e diversidade, Xuxa aposta no XSPB Cores para conquistar seu terceiro Grammy e marcar uma nova geração de crianças.
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