3ª temporada de Invencível reencontra ponto de equilíbrio

Sangrenta e romântica, história de Mark Grayson cresce à altura de seu potencial

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Há quem diga que a fadiga quanto às histórias de super-heróis causou desgaste por parte de quem cria e de quem consome. Robert Kirkman discorda. A 3ª temporada de Invencível começa à todo vapor, com o protagonista em cisão aos ideais governamentais que o guiaram no passado.

Para isso, Mark (Steven Yeun) divorcia-se do vínculo com a agência de Cecil (Walton Goggins), e trilha como lobo solitário uma narrativa que avoluma vilões e problemas para o jovem e hercúleo personagem. Para começar, o rápido crescimento de Oliver (Christian Convery), junto de sua sede de acabar com os caras malvados. 

O pequeno Oliver ganha codinome e uniforme ao lado do irmão mais velho, que troca o amarelo pelo azul (Foto: Amazon Prime Video)

Depois, o namoro enfim em plena forma com Eve (Gillian Jacobs) e, claro, as ameaças cada vez maiores e mais indestrutíveis. Mas, para alguém com o nome que Mark carrega, a cicatrização torna-se parte da rotina. E nem o novo relacionamento da mãe Debbie (Sandra Oh) precisa ser uma pedra no sapato.

Parte do amadurecimento humano, mesclado ao suco melodramático e explosivo dos quadrinhos de Kirkman, é o combustível dos episódios inéditos de Invincible, melhor adequados na balança que nivela a narrativa principal e as demais histórias coadjuvantes.

Aaron Paul dá voz a Powerplex, vilão que tem passado trágico e motivos mais do que suficientes para odiar o protagonista (Foto: Amazon Prime Video)

Nelas, ganhamos protagonismo de Rex (Jason Mantzoukas) e seus dilemas de relacionamento, que ensaia uma emancipação dos Guardiões mas entende seu papel como vigilante – por mais que a paixão por Shrinking Rae (Grey Griffin) faça seu coração pesar mais do que sua razão.

Mark assume a alcunha de herói de aluguel, derrotando um dragão dimensional e recebendo salário para arcar com o aluguel e a vida ao lado de Eve. Ela, focada nas aulas complementares de Arquitetura, estuda não apenas os livros didáticos, mas seu papel como filha e adulta, ainda mais com os poderes de criação, motivo de inquietação. 

Um exército de Marks proporciona que Steven Yeun brinque com as modulações da voz, já que interpreta dezenas de versões do mesmo Invencível (Foto: Amazon Prime Video)

You Were My Hero, episódio 4 da temporada, coloca a câmera na prisão que abriga Nolan ( J.K. Simmons) e Allen (Seth Rogen), aliados improváveis que acabam em um banho de sangue e liberdade. Tão cruel quanto é a investida multiversal do vilão que indicou Sterling K. Brown ao Emmy de Dublagem no ano passado, o temível Angstrom Levy.

Em What Have I Done?, dezenas de versões de Mark Grayson destroem a Terra e alimentam o ódio do mundo contra Invencível. Os soturnos vocais de Billie Eilish em when the party’s over acompanham a desolação, que vê a morte de uma porção de figuras caras ao público, e coloca todos os sobreviventes em direta reflexão de sua própria mortalidade. 

Cecil ganha história de origem e torna-se rival do antigo aliado Mark (Foto: Amazon Prime Video)

Quando a poeira baixa, Mark recebe um golpe mortal de Conquest (Jeffrey Dean Morgan), um Viltrumite aparentemente indestrutível e, por mais irônico que possa soar, invencível. São precisos esforços sobrenaturais e inimagináveis, sacrifícios dolorosos que acabam no sempre melancólico funeral com heróis fantasiados.

Promovendo a revanche que os fãs de The Walking Dead ansiavam sem saber de sua probabilidade, a 3ª temporada de Invincible deixa as gentilezas de lado e parte para um nível de violência e sangue anormal – e muito bem-vindo. Que o futuro mantenha este modo de pensar, pois Mark já tomou sua decisão.

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