Há quem diga que a fadiga quanto às histórias de super-heróis causou desgaste por parte de quem cria e de quem consome. Robert Kirkman discorda. A 3ª temporada de Invencível começa à todo vapor, com o protagonista em cisão aos ideais governamentais que o guiaram no passado.
Para isso, Mark (Steven Yeun) divorcia-se do vínculo com a agência de Cecil (Walton Goggins), e trilha como lobo solitário uma narrativa que avoluma vilões e problemas para o jovem e hercúleo personagem. Para começar, o rápido crescimento de Oliver (Christian Convery), junto de sua sede de acabar com os caras malvados.

Depois, o namoro enfim em plena forma com Eve (Gillian Jacobs) e, claro, as ameaças cada vez maiores e mais indestrutíveis. Mas, para alguém com o nome que Mark carrega, a cicatrização torna-se parte da rotina. E nem o novo relacionamento da mãe Debbie (Sandra Oh) precisa ser uma pedra no sapato.
Parte do amadurecimento humano, mesclado ao suco melodramático e explosivo dos quadrinhos de Kirkman, é o combustível dos episódios inéditos de Invincible, melhor adequados na balança que nivela a narrativa principal e as demais histórias coadjuvantes.

Nelas, ganhamos protagonismo de Rex (Jason Mantzoukas) e seus dilemas de relacionamento, que ensaia uma emancipação dos Guardiões mas entende seu papel como vigilante – por mais que a paixão por Shrinking Rae (Grey Griffin) faça seu coração pesar mais do que sua razão.
Mark assume a alcunha de herói de aluguel, derrotando um dragão dimensional e recebendo salário para arcar com o aluguel e a vida ao lado de Eve. Ela, focada nas aulas complementares de Arquitetura, estuda não apenas os livros didáticos, mas seu papel como filha e adulta, ainda mais com os poderes de criação, motivo de inquietação.

You Were My Hero, episódio 4 da temporada, coloca a câmera na prisão que abriga Nolan ( J.K. Simmons) e Allen (Seth Rogen), aliados improváveis que acabam em um banho de sangue e liberdade. Tão cruel quanto é a investida multiversal do vilão que indicou Sterling K. Brown ao Emmy de Dublagem no ano passado, o temível Angstrom Levy.
Em What Have I Done?, dezenas de versões de Mark Grayson destroem a Terra e alimentam o ódio do mundo contra Invencível. Os soturnos vocais de Billie Eilish em when the party’s over acompanham a desolação, que vê a morte de uma porção de figuras caras ao público, e coloca todos os sobreviventes em direta reflexão de sua própria mortalidade.

Quando a poeira baixa, Mark recebe um golpe mortal de Conquest (Jeffrey Dean Morgan), um Viltrumite aparentemente indestrutível e, por mais irônico que possa soar, invencível. São precisos esforços sobrenaturais e inimagináveis, sacrifícios dolorosos que acabam no sempre melancólico funeral com heróis fantasiados.
Promovendo a revanche que os fãs de The Walking Dead ansiavam sem saber de sua probabilidade, a 3ª temporada de Invincible deixa as gentilezas de lado e parte para um nível de violência e sangue anormal – e muito bem-vindo. Que o futuro mantenha este modo de pensar, pois Mark já tomou sua decisão.
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