Aproximadamente 60 milhões de quilômetros separam Deivinho, morador de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e seu sonho de colonizar Marte. O nome da missão, planejada pela Nasa para 2030, também dá o título do filme de Gabriel Martins, que encantou o público em 2022 – Marte Um foi exaltado pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, pelo Festival de Gramado, teve agenda internacional e foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar.
Simples e singular, o longa mineiro acompanha então Deivinho, interpretado por Cícero Lucas, sua irmã Eunice, por Camilla Damião, a mãe Tércia, por Rejane Faria, e o pai Wellington, por Carlos Francisco. Cada um enfrenta da forma que pode suas maldições e decisões, mas é na mesa de jantar que esses dilemas se unem como um só e se transformam para o coletivo. É durante as interações da família Martins que nossa sede de humanidade aflora.
Com uma dose de afeto, um elenco potente e a dramédia da vida do brasileiro periférico, Gabriel Martins explora os “sonhos teimosos” de um menino negro que, assim como ele na infância, insistiu em um futuro impossível. Era o último ano de um governo de extrema-direita, a reabertura de uma pandemia e semanas antes das eleições presidenciais. Quando todo mundo tinha vontade de fugir para o planeta vermelho, Marte Um trouxe à tona aquela sensação de que talvez ficar valesse a pena.
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