Animação
A categoria que premiou o terrível War Is Over! no ano passado traz candidatos mais memoráveis e criativos na safra de 2025. Beautiful Men, coprodução de Bélgica, França e Holanda, tem direção de Nicolas Keppens e conta a história de três infelizes irmãos. De viagem para a Turquia, os homens caem na encruzilhada de uma clínica de transplantes capilares quando um deles acidentalmente agenda apenas uma cirurgia, ao invés de três. De forma melancólica, o desenho mostra inseguranças, intrigas e os rancores alimentados por uma vida de insatisfação.
In the Shadow of the Cypress representa o cinema do Irã sob roteiro e direção de Hossein Molayemi e Shirin Sohani. Um conto sem diálogos sobre um capitão que vive uma vida difícil e deseja ser pai um dia, sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático. Pelo sensível tema político, adereçado de forma indireta pelos cineastas em entrevistas e declarações, o filme tornou-se alvo do governo do país, que impediu sua presença na cerimônia.

Na inventiva dinâmica de uma criança enlutada e solitária, o simpático Magic Candies adapta o livro de Baek Hee-na. Colorido, criativo e inventivo, o filme japonês traz frescor a uma categoria carregada de pesados testemunhos. O francês Yuck! segue a máxima: o diretor Loïc Espuche visita um acampamento de férias com jovens à beira da puberdade. Escondendo desejos acesos nos lábios brilhantes, eles descobrirão a liberdade de experimentar o que o coração anseia.
Wander to Wonder, curta britânico que saiu premiado no BAFTA, marca a entrada mais sombria da categoria em 2025. Situado no mundo de um programa de TV infantil dos anos 80, Mary, Billybud e Fumbleton se encontram presos no estúdio após o falecimento do criador do programa. Sem ninguém para guiá-los e com a comida se tornando escassa, eles seguem em frente, criando episódios cada vez mais bizarros para manter o público entretido. A direção de Nina Gantz imprime terror nos poucos, mas eficientes, minutos.

Documentário
Death by Numbers é o manifesto anti-violência que Kim A. Snyder comanda com parcimônia e muito a dizer. O filme acompanha Sam Fuentes, sobrevivente de um tiroteio escolar, que confronta seu agressor no tribunal que julgará seu destino. Compartilhando o tema, mas abrigado do lado de lá da cela, I Am Ready, Warden visita a rotina de um homem condenado à pena de morte no Texas.
Mal intencionado e especialmente focado na emoção dos familiares da vítima, o curta de Smriti Mundhra carrega o falso senso de otimismo e justiça que os votantes da Academia costumam recompensar com um prêmio. Mas a estrela da seleção é, sem competição, o trabalho de Bill Morrison em Incident. Em meia-hora, ele explora o assassinato de Harith “Snoop” Augustus em 2018 pelo policial Dillan Halley, usando apenas montagens de câmeras corporais e imagens de vigilância. É brutal.
Na Netflix, o rotineiro The Only Girl in the Orchestra conta a história de Orin, contrabaixista que marcou a história da Filarmônica de Nova York. Quem dirige é Molly O’Brien, sobrinha da protagonista, que falha em conectar a persona um tanto desagradável da artista com a audiência. Fechando a lista, o japonês Instruments of a Beating Heart evoca o melhor drama de superação mesclado às aulas musicais em que os pequenos alunos de uma escola praticam Beethoven. A direção é de Ema Ryan Yamazaki, que se baseia no longa The Making of a Japanese.

Live-Action
A Lien, que mostra um jovem casal enfrentando e lidando com um perigoso processo de imigração, é o mais urgente dos curtas do Oscar. A eleição de Donald Trump e seus ataques aos imigrantes transformaram a ficção de David Cutler-Kreutz e Sam Cutler-Kreutz em assunto do noticiário. O brasileiro Andrea Gavazzi assina a direção de fotografia, marcada por ângulos fechados e muita tensão.
No campo do sci-fi, o holandês I’m Not a Robot brinca de Black Mirror ao desvendar o esquema tecnológico que enganou a protagonista por muito tempo. Dirigido por Victoria Warmerdam e amparado pela atuação de Ellen Parren, é uma boa fuga dos problemas mais palpáveis; como, também presente na lista, questões de trabalho infantil em Anuja, produção americana falado em hindi sobre uma garotinha forçada a abandonar os estudos. Tem direção de Adam J. Graves, está disponível na Netflix e conta com produção de Priyanka Chopra e Mindy Kaling.

Cindy Lee dirige o sul-africano The Last Ranger, que debate violência e exploração animal no país. A sinopse declara: “Quando o último guarda florestal restante da Reserva de Caça Amakhala apresenta ao jovem Litha as maravilhas de uma reserva de caça, eles são subitamente atacados por caçadores furtivos. Em meio à luta para proteger os rinocerontes, Litha descobre uma verdade horripilante”.
O dito favorito para o prêmio é The Man Who Could Not Remain Silent, produção croata de Nebojša Slijepčević que ficcionaliza eventos reais: o sequestro e crime em Štrpci (Bósnia e Herzegovina) em 27 de fevereiro de 1993, em um trem de passageiros viajando de Belgrado para Bar, quando a unidade paramilitar Beli Orlovi arrastou 24 muçulmanos bósnios do trem e assassinou-os. No centro do filme está o croata Tomo Buzov, o único passageiro não-bósnio no trem, que tentou confrontar os agressores.
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