A vida de Mark Grayson (Steven Yeun) nunca foi fácil, mas os acontecimentos da segunda temporada de Invencível elevam o patamar de problemas e confusão. Rápida lembrança do ano anterior: seu pai, o poderoso Omni-Man, se revelou um exterminador de planetas, quase obliterou o jovem e não o colocou embaixo da terra por compaixão. Agora, sem a figura paterna e protetora, o herói sobe no ranking.
Sem a presença de Nolan (J.K. Simmons), Mark é elevado ao posto de guardião do planeta. Cecil (Walton Goggins) faz questão de que a família Grayson esteja protegida e que Mark saiba suas funções. A chegada da faculdade, junto do florescimento do namoro com Amber (Zazie Beetz), vai preenchendo a lista de tarefas do protagonista, confrontado emocional e fisicamente sem chance de descanso.
Lançada em março de 2021, a primeira temporada de Invincible viu uma legião de fãs sendo formada ao redor do carismático super-herói, criado nos quadrinhos por Robert Kirkman (de The Walking Dead). Foram mais de dois anos de espera, com os 4 primeiros episódios da season 2 chegando em novembro do ano passado, e os 4 finais, em março deste.
O longo hiato baixou a poeira dramática deixada pela conclusão anterior, com Nolan e Mark se enfrentando à base de sangue e lágrimas. Desta vez, o roteiro estabelece fontes de foco narrativo, em um movimento que cheira à fabricação da franquia Invincible. Mark fica preso entre a proteção à mãe Debbie (a sempre excepcional Sandra Oh) e missões espaciais, confrontando o legado do pai e as consequências de suas ações.
Enquanto isso, o grupo dos Guardiões fica com as missões de campo, estabelecendo o elo sentimental que borbulha na equipe liderada por Imortal (Ross Marquand). Ainda, Dupli-Kate (Melise) vira isca de sacrifício, Rex (Jason Mantzoukas) desenvolve consciência, Robot (Zachary Quinto) começa a tocar os sentimentos humanos que nunca teve experiência através de Rudy, e Monster Girl (Grey Griffin) abraça a tragédia mais degradante da trupe.
Allen (Seth Rogen), o Alien, se esgueira, prometendo mais espaço e fôlego para sua própria trilha. Atom Eve (Gillian Jacobs), que ganhou até episódio especial entre-temporadas, evolui questões de natureza familiar ao mesmo tempo em que alça voo para um vindouro papel de co-protagonismo. Resta espaço para uma trama de multiverso, com presença inquietante do vilão Angstrom Levy, dublado por Sterling K. Brown.
São muitos alvos e muitos tiros, e o saldo aponta para um futuro frutífero para Invencível. Com direito a tiração com os fãs obcecados por novas aventuras, o time de roteiristas usa do hiperfoco da série para distrair quem assiste da manobra de expansão. Em tempos e termos de universos compartilhados, ainda mais dentro do Prime Video, fica claro certa hesitação em apostar em Mark na máxima potência.
Para o super poderoso pupilo, com complexo de deus e sem qualquer fraqueza ou lição física a ser aprendida, o posto de Grayson no centro do universo poderia soar distante ou deslocado demais. Sábia a decisão de afastá-lo das distrações mundanas, e banhá-lo em sangue viscoso, para que os horizontes sejam admirados e calculados à perfeição. Agora, a espera. E que a terceira temporada chegue resplandecente, ágil e de forma inesperada.
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