Entre a Foice e o Martelo transforma Superman em inimigo da América

Republicado no Brasil pela coleção DC de Bolso, aventura alternativa do Homem de Aço mistura futuro distópico com reescrita da História

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O selo Elseworlds foi inaugurado para que os autores da DC pudessem imaginar cenários distintos que não afetassem o cânone. E se o Batman morasse numa Gotham vitoriana? E se a Liga da Justiça existisse nos tempos do Xógum? Em Entre a Foice e o Martelo, uma pequena mudança na origem do Superman transforma o herói num símbolo da União Soviética.

Publicado em 2003 ao longo de três volumes, o gibi de Red Son acompanha o mundo no século XX, quando uma nave cai na Ucrânia e de lá surge um bebê. Criado por fazendeiros numa comunidade coletiva do regime comunista, ele cresce e assume a frente do governo de Josef Stalin.

O Superman, inimigo dos Estados Unidos e de seu super gênio Lex Luthor, desafia as imposições imperialistas do país, mas o faz com ações de índole boa e muito altruístas. Na realidade fabricada por Mark Millar, Dave Johnson e Kilian Plunkett, a História ganha rumos distópicos, embora nunca irreais.

O Batman ganha origem inédita e atua como força opositora ao poderio do Superman (Foto: Panini)

Mais como forma de manifesto da esperança que Clark Kent constrói ao seu redor, o gibi brinca com possibilidades de criatividade e distorção do que a audiência entende por correto.

Aqui, Lois é esposa de Luthor, figura maquiavélica que aconselha os presidentes americanos até ele se tornar o chefe da Casa Branca. Diana, emissária de Themyscira e confidente do Super-Homem, passa de diplomata a inimiga quando os anos se acumulam sob o regime do kryptoniano.

Rebobinando os anos drásticos de uma Guerra Fria aquecida pelos poderes do lado soviético e pelo poderio intelectual do americano, Entre a Foice e o Martelo continua fascinando os leitores que buscam diferentes reflexos para o tão conhecido modus operandi do personagem.

O legado de Entre a Foice e o Martelo é forte entre as versões alternativas do personagem (Foto: DC Comics)

O ar introspectivo e reflexivo de Kal-L, filho da Pátria Russa, reverbera nos monólogos desenhados em vermelho e amarelo. Ele pensa em retaliação e desiste diversas vezes, certo que a força bruta mais machucará do que ajudará seu propósito.

Adaptado para uma animação em 2020, a trama continua a render frutos — ainda mais quando entra em voga o contexto político fora das páginas, com ameaças armamentistas diariamente tomando os canais de notícia. Na TV, o seriado da Supergirl adaptou com desvios o arco comunista, e até houve burburinhos sobre uma possível chegada do Vermelhão aos cinemas. Porém, com a retomada da DC sob a tutela de James Gunn, é pouco provável que o Superman abandone o otimismo e a inocência de David Corenswet pelo futuro próximo.

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