Drag Race España 5 é a temporada do amor

Madre Greco consagrou uma trajetória esplêndida e luta pelo título de melhor campeã internacional do programa

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A quinta temporada de Drag Race España introduziu um mecanismo inédito: o coração. No começo da competição, todas as queens ganharam metade de um e, ao passo que as eliminações ocorriam, deixavam de herança sua parte. Ao completar um órgão inteiro, a detentora da posse deveria salvar alguém do Bottom 3.

Espécie de Castor Dourado da Europa, o coração serviu muito bem ao propósito dramático da season, sendo usado de maneira direta na definição da Corrida. A começar pela pessoa que mais herdou – e para quem os presentes não foram tão benéficos assim: a madre Satín Greco.

Com fundo de concreto, as competidoras vestiram looks neon (Foto: World of Wonder)

Ícone da cena espanhola e aquele tipo de lenda transformista que Drag Race adora escalar para depois eliminar sem mais nem menos, Greco quase seguiu esse roteiro. Mas, depois de somar um Top 2 e um Low, a chegada do episódio 3 mudou o jogo.

Satín estava no Bottom ao lado de Ferrxn e de Margarita Kalifata, e herdou o coração da porkchop e Miss Simpatia Nori. Ao invés de se salvar, ela poupou Ferrxn do Lip Sync e dublou ao lado de Margarita, que havia vencido o episódio anterior. Momento apoteótico na franquia de Supremme de Luxe, serviu também ao poderio de Greco, que parecia pronta para deixar o Ateliê, mas foi salva pelos jurados num inesperado Double Shantay.

A Dublagem pela Sobrevivência prenunciou o Top 2 da temporada (Foto: World of Wonder)

O susto recalculou a rota de Satín, que dali em diante voou alto, vencendo o Snatch Game e o Desafio dos Comerciais, além de garantir elogios no Rusical, no Roast e no Makeover. Sua presença calorosa e o carinho pelas companheiras rendeu uma temporada que eterniza as transformistas da velha guarda.

Mas não foi apenas de Satín Greco que Drag Race España 5 se fez. Exemplo de como uma temporada pode ser ótima sem dedo definidor da produção, os acontecimentos dividiram-se em dramas, intrigas e muito talento. Nori, a primeira eliminada, rendeu o coração herdado à Satín, numa semana sem eliminações que resultou diretamente no Lip Sync triplo e saída de duas rainhas no desafio seguinte.

Rainha das referências e da moda, Denébola Murnau marcou a temporada e nos faz sonhar por uma participação no já anunciado All Stars 2 (Foto: World of Wonder)

Azar de La Escándalo e Eva Harrington, que caíram frente à Dublagem de Nix, a rainha trans que irritou a veterana Krystal Forever e, salva pelos vários corações, chegou à Final. Também finalista, Kalifata protagonizou humor no desafio de atuação e no Roast, episódios em que venceu. 

Mas se alguém poderia rivalizar com o lado competitivo de Satín, o destino encarregou-se de eliminá-la antes da disputa pela Coroa. Dafne Mugler, vencedora do episódio de estreia, patinou até ser eliminada no Makeover, momento de triunfo de outra figurinha forte da season 5, a disruptiva e sensual Laca Udilla.

De bigode e minissaia, Laca Udilla conquistou os fãs e chegou à Final, apesar de não ter tido a chance de Dublar pela Coroa (Foto: World of Wonder)

Do nome que faz trocadilho com o apelido de ditadores como Francisco Franco, Udilla interpretou o político no Snatch Game e arrasou nas passarelas que dobravam o limite entre masculino e feminino, sempre enfeitados ao redor do pequeno bigode que estampa sua persona drag.

Denébola Murnau, a outra queen barbada do elenco, era toda fenomenal nas passarelas, mas escorregou nas performances, sendo eliminada num Rusical cheio de momentos positivos. Sua algoz acumulou 4 Bottons seguidos, mas a Miss Maquiagem Alexandra del Raval não se abateu, e mandou embora uma procissão de drag queens.

Destaque da season, desfile de mortes fashion mostrou os muitos lados da arte drag e seu flerte com o horror (Foto: World of Wonder)

Drag Race España 5 diversificou no elenco e soube inovar sem soar ultra produzida ou planejada demais, algo que sua companheira de exibição UK 7 pecou em níveis expressivos. Com uma campeã irretocável e com currículo para integrar o panteão mais alto do Hall da Fama, não nos resta ação senão aclamar Supremme e suas hijas

A emotiva Semifinal trouxe familiares para o Makeover, com direito à já habitual mensagem para seu eu criança e muitas lágrimas. Na sequência, o Reencontro equilibrou muito bem as rusgas com as desculpas, e iluminou a encrenqueira Krystal Forever com um halo de redenção para lá de incomum para a franquia.

Makeover trouxe familiares das competidoras para Semifinal emocionante (Foto: World of Wonder)

Nas eleições internas, Nori foi a mais Simpática, Alexandra foi a melhor Maquiadora e Ferrxn saiu com o posto de Miss Look Perdido. Com cenas dos vídeos de inscrição das queens, foi possível enxergar as pessoas por detrás das perucas e cílios postiços, mais uma vez engrandecidas pelo zelo que Supremme, Ana Locking e os Javis despejam semana sim, semana não, na passarela e nas deliberações. 

A Grande Final, com direito à festa do pijama e clipe musical de muito bom gosto e orçamento avantajado, acabou em torneio de Lip Sync, onde Margarita e Satín sagraram-se as duas melhores. Ao som da poderosíssima balada de Rocío Jurado, Madre Greco levou a Coroa, as flores e o legado que Drag Race España não alcançava desde a vitória de Carmen Farala. E mesmo com a ausência de Le Cocó na passagem do bastão, devido a problemas de agenda e exibição, tudo correu bem, com amor de sobra. 

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