RuPaul’s Drag Race Live Untucked desfruta as possibilidades da franquia

Desinibida e despojada, nova aposta de RuPaul mira nos momentos de intimidade e humor

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Oito participantes de RuPaul’s Drag Race são as protagonistas do novo programa derivado da série. Acompanhando os bastidores do show ao vivo de Las Vegas, o Untucked Live aponta para um futuro agradável e frutífero para o reality show. O lançamento, quase avulso na programação entre a season 16 e o All Stars 9, ajudou na sedimentação da nova ideia.

Explico: nem toda boa drag queen tem sucesso no aspecto competitivo de Drag Race (ou do próprio All Stars). Agora, sem a sombra das eliminações, batons ou Lip Syncs, é possível admirar e se divertir horrores com essas personalidades fortíssimas. O elenco reúne queens babilônicas do Velho Testamento, Latrice Royale, Kennedy Davenport, Alexis Mateo e CoCo Montrese, que não hesitam em jogar shade e fazer o terror nos camarins.

Junto delas, a série tem Derrick Barry, também na veia caótica das titias, e as “novatas” Lawrence Chaney, Pangina Heals e Bosco. Os assuntos são variados: discutem o aspecto teatral e ao vivo do show, os laços criados, as dificuldades, o medo da estreia. Depois, um dos curtos capítulos fala de amor, casamento e a solteirice na vida adulta. Outro é focado na comida, acompanhando a rotina pessoal de uma delas.

A produtora não é novata em programas de bastidores, já tendo lançado títulos como Werq the World e Vegas Revue; além disso, as participantes costumam ganhar séries próprias, a exemplo do Tongue Thai’d de Pangina e o House of Laughs de Lawrence (Foto: World of Wonder)

É uma extensão dos arcos dramáticos vistos em Drag Race, adicionando camadas para as “personagens” que nos acostumamos a amar. Por exemplo, CoCo ganha uma fatia considerável de afeto quando compartilha o diagnóstico de câncer do marido, ocorrido em paralelo às gravações da 5ª temporada. Seu feud com Alyssa Edwards, no fim das contas, não vinha de um lugar de mesquinharia ou de egoísmo. CoCo sofria dores maiores que o programa mostrou.

O mesmo vale para Lawrence, vencedora da segunda temporada britânica, que agora ganha contornos de maturidade e fala do papel de “outsider” que carrega entre as queens nativas dos EUA. Las Vegas cresceu dentro da infraestrutura do programa, e se provou um ponto de vida e emprego para diversas artistas que saem do reality. Próximo do boom de Nova Iorque e Los Angeles, cada qual com suas indústrias e nichos, a Cidade do Pecado ganhou fluxo imenso de público, gerando alta na economia e uma possibilidade de sustento para as queens.

O alicerce do número de Las Vegas nasceu no Rusical da season 12; e na 16, os dançarinos do espetáculo foram os objetos do Makeover (Foto: World of Wonder)

É delicioso assistir aos vinte e tantos minutos semanais, esperando alguma loucura, uma intriga bobinha e mesmo a criação de amizades que pareciam distantes no vasto multiverso de RuPaul. Com shows assim, o programa mostra sua vida útil além do formato eliminatório. E com uma temporada voltada para a caridade e um bem sucedido episódio só de Lip Syncs, os dias de Sashay e Shantay podem estar ficando ultrapassados. Já passou de hora de fazer chover dinheiro e fama nas drags que fizeram da série o que ela é hoje.

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