Para um episódio que centra sua origem na ausência do broche de Melina Blley, o andamento do Ball reitera o papel mal executado da montagem em Drag Race Brasil. Em Three Courses, One Crown, as queens são desafiadas a criar um look com base num sabor da marca patrocinadora Flying Horse. Além, óbvio, de desfilar duas roupas com temática alimentar: do prato principal à sobremesa.
Sem mini-challenge, Grag Queen e Dudu Bertholini chegam ao Ateliê para passar a tarefa e sortear as cores de cada uma do Top 7. De cara, fica evidente que essa semana será protagonizada por Desirée Beck e Mellody Queen. Não apenas por serem a dupla com o mesmo sabor, mas também pelo histórico do Double Shantay e o laço afetivo que a baiana e a mineira formaram na competição.

No Werk Room, entre agulhas, linhas, metros de tecido e as imprevisíveis máquinas de costura, Beck desaba em lágrimas, incapaz de organizar qualquer pensamento que a deixe criar o design. Ao seu lado, Mellody também chora – e faz da cena, com o rosto pingando em lágrimas enquanto costura à mão uma rebarba de tecido, uma das imagens mais potentes da temporada.
Diferente do Ball da season 1, que não contava com o elemento de desenhar e criar o look, desta vez as categorias são como de costume na franquia ao redor do mundo. Drags à la Carte representa o prato principal da refeição, enquanto Candy Queens é todo sobre um docinho. Para a passarela final, Flying Horse Realness, as queens trabalham com tecidos coloridos e ligados ao sabor do energético.

Melina Blley é julgada Salva e vai sozinha de volta para o Ateliê. Seus looks foram Cuscuz com Ovo, numa silhueta limpa e com foco no amarelo da gema e na pequena panela que dobra sua função como bolsinha. O visual de Bolo de Rolo é bonito e transmite a mensagem de cara, e sua criação sabor Melancia é, novamente, cheia de bom gosto e acabamento bem bolado. Pela simplicidade, ou falta de ousadia, a The Diva continua sem broche, mas não deixa de maravilhar quem assiste.

Poseidon Drag fica entre as duas melhores da semana, no que se prova uma decisão ambígua por parte de Grag e dos jurados. Seus dois looks trazidos de casa são belíssimos, com destaque óbvio ao Caranguejo fashion e ao drapeado do Queijo com Goiabada. O Zero Sugar, na paleta azul e prata, ficou com cara de aeromoça – e a apresentação mais uma vez abusando de caretas ficou datada e repetitiva.

Mellody Queen, repetindo a trajetória do Design Challenge anterior, parou entre as Piores – e desta vez teve que Dublar. Embora o cachorro-quente tenha o elemento camp que lembra sua passarela das Raízes, faltou acabamento. Quando comparado ao restante dos visuais apresentados na episódios, a queen sofreu pela ausência de embelezamentos. O sorvete, feito pela sister Melusine Sparkle, brincou com proporções; oposto ao ocorrido no sabor Tropical, quando ela surgiu simples de tudo e sem a finesse necessária. Ao som de A Dona Aranha, Mellody resolveu as pendências de Gal Costa e mandou Desirée para casa.

Apesar dos elogios, Bhelchi sentiu-se frustrada e que decepcionou os jurados. Com as críticas desmedidas, fica claro que dois pesos e duas medidas foram usados nas deliberações da semana. Sua princesa Salada esbanjou delicadeza, sua Maçã do Amor (em tempos onde o morango era comido sem calda ou caramelo) expressou o lado mais afiado da queen, e sua criação sabor Original inovou na silhueta e ficou com cara de roupa trazida de casa, tamanho esmero, atenção aos detalhes e bom gosto. Front-runner quando olhamos para os históricos, Bhelchi tem tudo para superar a sabotadora interna e faturar o segundo broche.

A Perua se despediu de Drag Race depois de conseguir todos os possíveis placements no histórico. Desirée Beck, mestra na arte de fazer TV, serviu o drama ideal para um adeus cinematográfico. Ela chorou, precisou de momentos fora do alcance das câmeras e, na passarela, desfilou looks aquém de seu potencial. Mas tudo estava planejado para que ela saísse contra Mellody, usando as mesmas cores e no mesmo tema. Seu Peru faltou marinar nos detalhes e na construção da cintura, e seu Algodão Doce abusou de uma silhueta repetida. O Tropical, embora melhor confeccionado que o de sua amiga de Bottom, estava distante da qualidade do resto do elenco. Glu-Glu-Glu!

Excesso de conceito foi a fraqueza de Ruby Nox na semana do Ball, com a Chupa-Cacto de Pernambuco amargando um Low no histórico. O tuck, comparado ao de Gala Varo, foi protagonista na crítica da bancada, que não se encantou pelo Arroz e Feijão e nem pelo Bolo de Açúcar. O visual de Pitaya elevou o nível, mas era claro que Ruby não merecia dublar esta semana: tudo pelo suspense.

Quem não adora começar a refeição com um bom Frango Assado, depois se deliciar com um Bolo de Cenoura na sobremesa e bebericar uma bebida de Manga? Superando expectativas, Adora Black fez tudo com excelência, refinamento e atenção invejável aos detalhes: reparou nos brincos-talheres? Pois volte e repare! Com pernas que fazem inveja ao império de Naomi Smalls, a queen conquistou mais um broche e é a primeira do elenco a acumular duas vitórias. Agora, a dúvida: passados os design challenges, como Adora se manterá firme na competição?
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