A eliminação de Chanel fez as queens do Drag Race Brasil tremerem na base; nada como a partida de uma competidora para o motor aquecer sob o medo de ser a próxima ou pela vontade de ganhar o cobiçado broche. Mal sabiam elas que a diva de Niterói não ficaria sumida por muito tempo: aqui fora, Chanel será apresentadora do Mostra a Mala, correspondente nacional do Whatcha Packin’.
De volta ao Ateliê, fica claro que Poseidon será a perseguida da vez, alvo de comentários maldosos no cara a cara, nos confessionários e especialmente no Desafio do Reading, que acontece logo agora no terceiro episódio. E aqui vai mais uma bola fora da equipe de montagem, que cortou uma gongada de Bhelchi sem mais nem menos, e depois de mostrar o domínio de Desirée Beck, acabou sagrando Mellody Queen com a vitória. É o terceiro mini-challenge que a drag vence na temporada.
Mas o futuro estava escrito nas estrelas: com a vitória, Mellody escolheu as participantes de seu Grupo Feminino, acarretando nos louros e nas bombas do capítulo. A mineira opta pelas queens mais quietinhas e menos estridentes do elenco, que abraçam a versão mais animada disponível, Shot. Por outro lado, o quarteto de Batom já ensaia uma tempestade criativa.
Na parte de coreografia, Melina Blley quer plantar bananeira, mas ninguém assina embaixo. O resultado é desastroso do ponto de vista pessoal, mas perfeito para cozinhar a tensão e o bate-boca nos bastidores. A gravação das vozes é comandada por Grag que, diferente do trabalho na season 1, oferece poucos conselhos e direcionamentos para as queens.
Antes da performance, Paola Hoffmann Van Cartier acende o alerta vermelho da edição, contando histórias de muita tristeza e vulnerabilidade, e assim encerrando o arco dramático que a eliminará ao fim do episódio. A rainha capixaba abriu o coração sobre a carreira fora do Brasil, a falta de oportunidades e o trabalho do sexo, de onde sofreu todos os tipos de violência.
Em mais um testemunho que apenas um programa do calibre de Drag Race consegue eternizar na cultura e no imaginário popular, o momento é dilacerante e muito honesto da parte de Van Cartier, que infelizmente perde a concisão na hora de dublar o Desafio e acaba no Bottom 2, ao lado de Melina.
As Raparigas, donas da faixa Batom, erram em tudo que tem direito: Paola esconde os lábios, Melina se esbofeta no chão e desiste de terminar o verso, e Desirée, pega no fogo-cruzado, acabou acusada de sabotar a outra. Do desastre, saiu ilesa a performance de Ruby Nox, que optou por um verso brega funk que não apenas demonstrou sua versatilidade, como a livrou de qualquer perigo ou críticas negativas.
Agora, o show do episódio e um daqueles momentos para enaltecer a drag do Brasil, está no espetáculo das Afrontosas ao som de Shot. Para todo o caos do outro grupo, o time de Mellody alcançou o céu do programa: rimas fantásticas, coreografia calibrada e surpreendente, e aquela sinergia que é uma em um milhão.
Apesar dos elogios, a vitória solo foi na verdade em dupla: Poseidon e Mellody ganharam os broches, com Mercedez Vulcão, Bhelchi e a injustiçadíssima Adora Black sendo louvadas e posicionadas entre as Melhores da Semana. Com Ruby salva, mas presente para as palavras dos jurados – nesta semana, com o acréscimo de Bielo Pereira, as três Raparigas abatidas duelaram por um Lip Sync que só teria a presença de duas.
Na passarela, a categoria Vozes Icônicas do Brasil rendeu uma porção de destaques. Poseidon foi no caminho de Xuxa, com direito a peruca de maria-chiquinha e um X incrustado de brilhos no peito. Mercedez se vestiu de Elis Regina, com uma peruca que mais lembrava os tempos áureos de Sandra Annenberg. Bhelchi escolheu Ivete, com um look que nem quando Veveta usou era digno de elogios.
Arrasando sem surpresa para ninguém, Adora levou Pabllo Vittar aos palcos de Drag Race; e Mellody improvisou um visual de Alcione com tecido que não favoreceu a ideia e tampouco conversou com o reveal do final do desfile.
Desirée ganhou dicas de maquiagem de Grag, e escolheu um look inferior e nada reconhecível de Anitta; a make, carregada de tons escuros e pouca inventividade, lembrou vagamente a drag de Silvério Pereira nas telas de alguma novela da Globo. Melina, que tropeçou no Desafio, arrasou como Gaby Amarantos, ao passo que Paola foi com uma versão tímida de Gal Costa, sem o volume que a peruca precisava para tal recriação. Para fechar, Ruby provou que Carmen Miranda nunca é demais!
Por um motivo que foge à lógica, o Lip Sync entre Melina e Paola foi ao som de The Beginning, música de RuPaul que em nada conversa com o tema da passarela, com o programa desperdiçando a chance de ouro de selar o capítulo com uma canção icônica de alguma das vozes que acabaram de desfilar pela passarela.
Melina fica, rendendo uma tomada dramática que parece tirada de pinturas do Renascimento, com Desirée em prantos pelo futuro que enfrentará na semana seguinte. Com muita gritaria, emoções à flor da pele e o tipo de caos que todo produtor de reality sonha todas as noites, a segunda temporada de Drag Race Brasil continua em rumos positivos.
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