Drag Race España 4 deixou mistério até o final

Depois de deslizes recentes, reality espanhol voltou aos trilhos em Corrida de heroínas contra vilãs

min de leitura

Duas desagradáveis seasons em sequências acenderam o alerta para os fãs de Drag Race España, que não queriam assistir, novamente, o show de previsibilidades que aconteceu nas vitórias de Pitita e Drag Sethlas. Recado dado: para a quarta temporada, um elenco composto por veteranas e novatas, boazinhas e vilãs, e muita intriga foi o suficiente para devolver o prestígio ao programa.

E com plot twist, é claro. Supremme de Luxe introduziu a inédita Reina de la Suerte, que apareceu no episódio de estreia. As 12 drags comeriam um bolo, onze delas encontrariam bonecas dentro dele e, a sós, descobririam se haviam tirado a sorte grande. Isto é, uma pequena doll que poderia ser usada para salvar a queen do Lip Sync, trocando-a de lugar com a terceira pior da semana.

Elenco serviu looks monocromáticos em oposição ao fundo preto e branco (Foto: World of Wonder)

Enquanto esse mistério cozinhava em fogo baixo, a temporada começou a toda marcha. No Baile da estreia, as competidoras desfilaram 3 looks, um sobre o passado, outro olhando para o futuro e o terceiro recriando um visual que usaram na primeira vez montadas. Venceu o olhar avant garde de Miss Khristo, queen que muita combina com o histórico do programa, de condecorar o estranho ao convencionalmente belo (é só lembrar dos wins prematuros de Hugáceo, Onyx, e Bestiah).

Saiu a apagada Shani LaSanta, devorada no Lip Sync por uma das fantásticas protagonistas da temporada, La Niña Delantro. A semana seguinte, com o habitual Show de Talentos, viu o decoro de Megui Yeillow, primeira Pit Crew a retornar como concursante na história do reality. E, como o imprevisto era regra, a mesma Khristo que ganhou a estreia, dublou contra a amiga Porca Theclubkid, mandando a drag alternativa para casa.

Ana Locking foi surpreendida com passarela em sua homenagem (Foto: World of Wonder)

A terceira semana, com o desafio de atuação que parodiava Aquí no hay quien viva, deu o Win para Angelita La Perversa, a maior vilã que Drag Race trouxe a tona desde os primórdios do programa: amarga, experiente, bruxonilda e sem tempo para blábláblá, a queen de 44 anos botou para quebrar na comédia.

E, no caminho, arrumou briga com metade do elenco, especialmente as queens mais jovens, que não deitavam para o olhar de Angelita. Tampouco os jurados deixavam ela de lado, como o histórico de Lows, Highs, Win e Bottoms demonstra: toda semana, Angelita era foco da edição. Se, no começo, a sabedoria prevaleceu sobre a juventude errática da venezuelana Mariana Stars, o andamento da season colocou a mais velha como errada.

Megui não é mais a única: na 5ª temporada do Canadá, Minhi Wang também foi pit crew e hoje é competidora (Foto: World of Wonder)

Angelita eliminou a amiga Kelly Passa!? na semana em que La Niña venceu o Desafio dos Grupos Musicais, e ainda dublou contra Miss Khristo, no Snatch Game. Quando chegou o momento da terceira passagem pelas Piores, no episódio em que fez time com Niña na tarefa de vender produtos, Angelita parecia imparável. Mas, então, Vampirashian sacou a Reina de la Suerte, saiu do Bottom e foi substituída pela mesma La Niña que Angelita perseguiu e com quem bateu boca.

O episódio do embate final, coroada na performance de Puedes Contar Conmigo, de María Escarmiento, foi o arrematante da vilania, que viu as jovens heroínas saindo por cima. La Niña, Mariana Stars e Vampi, todas alvos de Angelita, viram-na ser mandada embora num dos looks mais questionáveis de seu guarda-roupa. Que, para além do visual de Freddy Krueger usado na passarela que venceu, constantemente caia no campo do “a desejar”.

Vampi usou a Rainha da Sorte no momentos mais dramático possível, salvando-se do Bottom (Foto: World of Wonder)

Os primeiros sete episódios foram vencidos por sete rainhas diferentes, sem uma favorita óbvia à Coroa e ao cheque de 30 mil euros. Mariana Stars venceu o Snatch Game, imitando Ana María Polo, Vampirashian foi a winner do Rusical das divas espanholas, pelo papel de Sara Montiel, e a brilhante Le Cocó venceu o desafio dos comerciais. Foi só na oitava semana, com o Roast, que alguém acumulou duas vitórias: justamente Cocó, que ganhou tração no momento ideal.

Apesar de um deslize no Makeover, a drag mais consistente da temporada seguiu favorita ao prêmio máximo. Em uma jornada marcada por bolas na trave, como quando imitou Ana Locking no Snatch Game, Le Cocó enfim teve a chance de brilhar quando a última cabeça do dragão foi cortada. A saída de Angelita marcou o reinício da temporada, que tratou de eliminar as queens em excesso.

No Roast, as eliminadas não esconderam a amargura (Foto: World of Wonder)

Megui saiu no Roast e, apesar de não ter sido um dos destaques do ano, recebeu carinho da produção e saiu por cima. Feia mesmo foi a atitude das queens eliminadas, que fizeram caras e bocas nas apresentações do Desafio. No Reencontro, Supremme chamou atenção e mostrou Angelita, Porca e Khristo combinando as caretas e as reações de sono e desânimo.

O que não faltou foi emoção. No lado positivo, o Makeover trouxe lendas da cena espanhola que serviriam de mães para o top 5: as queens experientes trouxeram vestidos e as competidoras deveriam costurar algo que ornasse na passarela. Venceu Chloe Vittu, até então a única sem Win, com um visual embora simples na execução, carregado de forte carga emocional na apresentação.

No episódio 11, palco do Reencontro, as formalidades tomaram conta da conversa, antes, é claro, da briga. Porca ganhou o Miss Look Perdido com o visual da runway de Pesadelos. La Niña venceu o inédito Miss Maquiagem, pelo visual da runway dos Quatro Elementos. E a até agora não mencionada canária Dita Dubois venceu a faixa de Miss Simpatia, em decisão quase unânime.

Após o número individual, Vampirashian anunciou a mudança de nome: a partir de agora, ela se chama La Bella Vampi (Foto: World of Wonder)

A Final foi, na realidade, um falso espetáculo. As 4 queens dublaram, receberam votos ao melhor estilo Eurovision e um top três se formou. Foi eliminada La Niña, que assistiu à Batalha pela Coroa – que não veio. Supremme surpreendeu e anunciou uma cerimônia ao vivo, no teatro e com direito a plateia, dali a duas semanas.

A Grande Grande Final, por outro lado, precisou preencher setenta e cinco minutos de repeteco e celebração. Com a presença de uma Alyssa Edwards que serviu até de jurada para as finalistas, ainda teve tempo para homenagear as lendas transformistas que apareceram no Makeover e voltaram ao auditório.

Chloe saiu com a medalha de bronze, enquanto Le Cocó derrotou La Bella Vampi ao som da versão espanhola de uma linda canção do ABBA e sagrou-se vencedora. Tirando o amargo das temporadas passadas, o quarto ano da série mostrou os sinais clássicos da expansão em Drag Race: leveza, brilhantismo, felicidade e gongação. Dos mini-desafios que exigiam cortar melancia com salto de forma simétrica, até a promessa cumprida de Pupi Poisson no Snatch Game e o Double Shantay no Lip Sync de Mujer Loba, os astros se alinharam e devolveram España aos eixos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *