Jean-Pierre e Luc Dardenne são figuras cativas na Competição Oficial de Cannes, e a cada novo lançamento, a dupla costuma sair laureada do Festival. Jovens Mães, ou Jeunes Mères, seguiu a cartilha, premiado como o Melhor Roteiro da seleção de 2025. Agora, o drama chega à 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo como forma de Homenagem.
Os irmãos receberão o Troféu Humanitário no festival brasileiro, em reconhecimento aos anos de trabalho na Sétima Arte e sua longeva contribuição ao Cinema como forma de manifesto e relato. Jovens Mães é tímido e recusa o melodrama, apostando as fichas numa miscelânea de atrizes em pólvora interior.
Selecionado como representante da Bélgica para o Oscar 2026, o filme acompanha cinco adolescentes que vivem numa instituição voltada para mães de primeira viagem e pouca idade. Lá, instrutoras auxiliam no manejo e nos cuidados com as crianças, e há tempo limite de estadia: um ano, no máximo.
Entre as idas e vindas das garotas por uma cidade nefasta para com suas identidades maternas, o roteiro entrelaça conflitos familiares (a mãe que abandonou a filha, que agora é mãe e pensa em fazer o mesmo), com romances fadados ao fracasso (nada como uma gravidez na adolescência para matar a chama entre dois namorados).
O elenco, em sua maioria formado por atrizes de experiência mínima mas muita inspiração e controle, brilha na intersecção do belo e do triste. A costura para tal retrato é realizada à quatro mãos, com os Irmãos Dardenne olhando para suas personagens com afeto e muita compaixão.
Jessica, Perla, Julie, Ariane e Naïma tem rotinas e passados distintos, mas encontram no momento presente uma estrutura que seria impossível sem o abrigo que lhes fornece teto e a chance de crescer para além da idade. Parte da Apresentação Especial e da seção de Homenagem da 49ª Mostra de SP, Jovens Mães brinda quem assiste com a pontiaguda realidade, onde as mulheres têm direitos negados e, depois, são culpadas pelas mesmas circunstâncias que colocaram-nas ali.
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