E Não Sobrou Nenhum mostra porque Agatha Christie é a Rainha do Crime 

Cada página do livro solidifica seu reinado na Literatura com mistérios instigantes

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Se há uma soberania incontestável no meio da Literatura, essa é a de Agatha Christie. Sua coroa está longe de ser adornada com o brilho de pedras preciosas. Pelo contrário: todo o charme e elegância da Rainha do Crime está na sua forma de tecer seus textos com maestria, intercalando mistério, suspense e ação – bem como um episódio de Criminal Minds

Em sua vasta galeria de obras-primas, E Não Sobrou Nenhum se destaca como um troféu brilhante, um romance sombrio que reafirma seu domínio absoluto sobre o gênero policial. Imagine uma ilha deserta, um refúgio que promete tranquilidade e descanso, mas que rapidamente se torna o cenário de um jogo mortal de gato e rato – uma verdadeira peça de xadrez psicológico. 

Convidados pelo milionário U. N. Owen, trocadilho da palavra unknown, que significa desconhecido (alô CSI?), 10 pessoas sem nenhuma ligação aparente são confrontadas com fatos marcantes do seu passado por uma voz misteriosa. Cada tijolo da construção da narrativa revela a essência da genialidade da autora, de fazer desaparecer um a um os personagens, enquanto o leitor é guiado por um labirinto de pistas e ilusões.

“Nove soldadinhos acordados até tarde, mas nenhum está afoito; Um deles dormiu demais, e então sobraram oito” [Ilustração: Katherine Lam via Behance]

Lançado originalmente em 1939, o livro foi considerado pelos fãs como o melhor livro escrito por Christie. Além da reformulação do seu título racista, o romance alterou o nome da ilha onde se passa a história para “Ilha do Soldado” e termos do poema que norteia todo o enredo de mistério. Esse debate começou a ser feito após o lançamento da história nos Estados Unidos, em 1940. Pelo tom pejorativo da n-word, a editora da época optou por And Then There Were None, em referência ao último verso.

A trama, cativada pela intriga, é amparada pelo jogo psicológico que os personagens enfrentam, à medida que desconfiam uns dos outros e lutam pela sobrevivência. O título do livro já é, em si, uma provocação. A ideia de que “não sobrou nenhum” evoca a sensação de desamparo e tensão. 

Cada capítulo é um passo mais perto do precipício, uma descida vertiginosa para um clímax onde a única certeza é a de que nada está certo. Christie, com sua astúcia característica, desenha um cenário onde o medo e a dúvida são os verdadeiros protagonistas, e a verdade, um prêmio escasso.

“Cinco soldadinhos vão ao tribunal, ver julgar o fato; Um ficou em apuros, e então sobraram quatro.” [Ilustração: Katherine Lam via Behance]

Como a rainha que governa seu império literário com mãos firmes, a autora não se contenta apenas em entreter. Ela desafia seus leitores, estimula suas mentes e faz com que questionem a própria natureza da justiça e da moralidade. E Não Sobrou Nenhum é uma demonstração brilhante do seu poder em transformar um simples mistério em uma reflexão profunda sobre a condição humana.

Leitura obrigatória para os fãs de mistério, Christie explora a psicologia dos personagens e cria enigmas que desafiam a sagacidade e a curiosidade do leitor. Prova disso é o impacto cultural do livro, que transcendeu seu sucesso literário inicial. As histórias da Ilha do Soldado geraram adaptações para Teatro, Cinema e Televisão, solidificando seu status como um clássico do gênero.

Se você ainda não se perdeu na teia de mistérios que Agatha Christie tece com habilidade, é hora de se render à sua majestade e descobrir por que E Não Sobrou Nenhum continua a ser uma pedra angular do suspense literário. Uma obra que, de maneira única, nunca deixa de surpreender.

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