A segunda temporada de Drag Race Brasil começou numa subida invejável: corrigindo pequenos problemas do ano inicial, com drags carismáticas e desafios interessantes. A maré mudou e agora a season luta entre a edição que desfavorece todas e as decisões de produção que só irritam os fãs.
Para o episódio do Roast, uma montagem equivocada plantou o climão entre as piadas, enquanto a presença da lendária jurada convidada Keiona fez quase nenhum sentido – por que não trazer a diva francesa para julgar o torneio de dublagens, e colocar alguém com o calibre humorístico de Claudia Raia na tarefa da Gongada?

Até mesmo na hora do Lip Sync, o programa esqueceu do GC com o nome da música, o nome da artista e a gravadora. Sem falar na qualidade do som, que parecia um remix com pressão baixa de Bixinho, e não fez justiça a canção emocionante de Duda Beat. Para piorar, o Double Shantay foi o mais gratuito possível, apagando o merecimento da dupla de drags que permaneceu antes, quando Desirée e Mellody deram a vida e foram destacadas.
Compensando a versão apagada de Bruna Braga que tem sido mostrada pelo programa, o capítulo focado em sua Gongada coloca a jurada fixa como estrela, e rende poucos bons momentos. Entre os destaques óbvios no Desafio, Bhelchi e Ruby Nox tomaram a dianteira e deixaram as três competidoras comendo poeira.

Na passarela, temática de Coração de Vidro, os sapatos simplórios da dançarina tiraram qualquer chance de vitória, enquanto o visual sessentista e etéreo da pernambucana, aliado às piadas certeiras e a presença de palco, trouxeram o segundo broche.
No meio do caminho, Mellody Queen encarnou sua Karol Conká do Snatch Game e serviu um stand-up decente e na média. Na runway, sua princesa gélida arrancou suspiros e, mesmo com as luzes apagadas, foi resplandecente. No Bottom 2, Poseidon se perdeu na personagem caricata e desfilou com um macacão mal adornado, e Melina Blley equiparou o pior Roast com o melhor look, uma criação antagônica e assimétrica banhada em púrpura e lilás.
A palhaça da turma superou a The Diva, finalmente encaixando a caricatice na performance e não obstruindo ela, como fez até então na season. Desgastado, o Top 5 de Drag Race Brasil chega à semifinal com muito a perder e o desbalanço que a produção deixou acontecer. A melhor escolha seria dar um Broche para Melina no Lalaparuza e enfim fechar sua narrativa no programa. Nada disso aconteceu. Aliás, parece que a temporada entende o caminho natural do reality e faz o impossível para divergir dele, entregando um show de horrores.
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