O romance entre Isis Broken e Lourenzo Gabriel nasceu com ares cinematográficos: na pandemia, uma troca de mensagens transformou-se em viagem não-planejada, e então surgiu Apolo, o bebê gerado na barriga do pai. Como carta ao filho – e testemunho do amor e da felicidade trans -, o documentário atesta a resiliência de seus protagonistas.
Dirigido pela atriz Tainá Müller em parceria com Isis, o filme arrasta uma multidão de aclamação e louros por onde passa. Saiu do Festival do Rio com os troféus de Longa Documental e Trilha Sonora Original (da responsabilidade de Plínio Profeta). Mais recente, a exibição no 33º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade somou um par de prêmios à prateleira da equipe.

Com recortes da vida do casal antes do bebê nascer, Apolo costura presente e passado na retórica corajosa de Isis e Lourenzo, que também emprestam seus talentos musicais ao projeto, com inserções de pequenos clipes de faixas criadas pelos artistas. Apolo, a criança, é então amparada não só pelo relato, mas também pela veia humanista dos pais.
Desvendando uma felicidade trans que parece avessa aos documentos históricos, Apolo fala sim de violência e de intolerância, mas rebate cada golpe com iguais doses de proteção familiar. Seja na casa de Isis, no topo do mapa, ou na nova residência em São Paulo, os caminhos são tortuosos, e recompensados com a felicidade de ver o bebê ali, fora do útero e respirando.

Com cenas gravadas em hospitais intolerantes à gestação trans, Apolo serve de denúncia para a transfobia e o preconceito que fizeram os namorados mudarem-se de estado, tudo para acessarem a saúde pública, um direito que nem todos são contemplados com.
As cenas, em transição do relato passado e do atual, mostram Lourenzo e Isis embalando Apolo, agora no auge da primeira infância, eternizando assim uma fotografia de euforia exemplar e que, sem dúvidas, servirá de base e sonho para qualquer pessoa que almeje uma vida tão colorida.


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