Figura recorrente na lista de livros mais vendidos, o nome de Freida McFadden tornou-se sinônimo de sucesso – mas também de repetição. No título, uma profissão comum; na trama, uma mulher em busca do recomeço que é acometida por circunstâncias terríveis e quase estapafúrdias. Em A Empregada, os capítulos minúsculos se aliam à rapidez da trama, que conquista leitores, fatura altas cifras e logo chega aos cinemas.
O que McFadden, médica de formação com foco em lesões cerebrais, faz tão bem é rotular as personagens principais em papéis já muito conhecidos. Millie tem vinte e tantos anos, acabou de sair da prisão (onde passou uma década pagando por um crime ainda misterioso para nós) e está desesperada para conseguir emprego e estabilidade.

Nina, sua futura patroa, é uma perua mimada, cheia de regalias e mãe de uma garota igualmente volátil. É casada com um partidão, Andrew, a quem Millie tenta porque tenta não enxergar com olhos românticos, mas é claro que falha miseravelmente. Ao longo de 300 páginas (com edição brasileira da Arqueiro e tradição de Fernanda Abreu), a autora amplia a relação entre casal frustrado e funcionária no auge da vivacidade.
Não é difícil entender o apelo de A Empregada; tampouco é complicado reconhecer sua simplicidade narrativa e a maneira com que, a partir de situações triviais e coincidências à beça, o livro pula de gancho em gancho, até revelar uma virada na trama que não apenas reseta a história, mas também coloca o leitor para repensar todas as informações retidas até ali.

Não é todo dia que estamos com fome de pratos diferentes e inusitados. É comum matar os instintos com aquele fabuloso e saboroso sanduíche industrializado, do qual decoramos o gosto e sabemos listar os ingredientes sem suar. O fast food na Literatura atua na mesma configuração: saciando os prazeres de, numa história de vingança, reviravoltas e traições, estão todos os pontos de prazer e de suspense perfeitos para um apetite pacífico e uma digestão descomplicada.


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