Cancelada na 2ª temporada, English Teacher não teve tempo de brilhar

Comédia de Brian Jordan Alvarez acaba sem final

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Foi ao mesmo tempo: English Teacher estreou e as alegações contra o criador-protagonista Brian Jordan Alvarez chegaram aos holofotes da mídia americana. O relato, que parte de um antigo colega e parceiro criativo do comediante, não impediu a renovação da série para uma segunda temporada. Agora, a notícia do cancelamento parece uma ação retardada pelo tempo e pelas circunstâncias.

Toda comédia de premissa banal precisa de estrada para firmar seus pés no tipo de humor e fazer a audiência se apaixonar (ou odiar) as caricaturas em tela. Para o azar de English Teacher o tempo não é uma alternativa, e outra produção ambientada nos corredores de uma escola chama atenção de público e crítica, vencendo Emmys à torto e à direito.

Entretanto, a segunda temporada melhora o potencial criativo de sua estreia, acompanhando um Evan (Alvarez) menos otimista e em conflito com a ideia de lecionar para uma geração diferente da que ele conhecia em tempos de graduação. A premiere, COVID in America, vê os alunos reimaginando Angels in America na realidade pandêmica que eles reconhecem. 

O hilário Jordan Firstman pode ser visto em I Love LA, comédia de Rachel Sennott no ar pela HBO (Foto: FX)

Para toda a desconstrução que o protagonista prega em sua atitude progressista, English Teacher coloca Evan em constante negação do que é novo. Em Trash, um sistema tecnológico de coleta de lixo prova-se discriminador, ao passo que em College Week, as iniciativas de diversidade mais incomodam do que agradam o professor.

Ao redor dele, os demais funcionários da escola atuam como imãs de polos iguais: repelindo a retórica de Evan e fazendo graça de suas desventuras. Gwen (Stephanie Koenig) fica com o posto de coadjuvante, e Markie (Sean Patton) cresce como um brutamontes outrora lido como grosseiro ou extremista.

Com brigas em espanhol, mãe e filho mostram o amor que passa por estresse (Foto: FX)

O diretor Grant (Enrico Colantoni) organiza um jantar que apresenta os amigos ao genro, definido como 80/20 gay-bi, e uma pedra no sapato de Evan, tão acostumado a encaixar as pessoas em suas predisposições e caixas. Tudo fica mais claro com a chegada de Laura Bayonas, vivendo a mãe do protagonista – uma mulher profundamente controladora e irresponsável com os sentimentos alheios. 

Entre iniciativas do exército e viagens que acabam trazendo Evan de volta à sala de aula, para o desprazer do namorado Malcolm (Jordan Firstman), o ano final de English Teacher saúda os educadores e tira sarro de toda a situação. Na finale, Graduation, os professores e o conselheiro Rick (Carmen Christopher) correm contra o relógio para impedir uma pegadinha. Com um gancho cruel, Alvarez se despede de seu personagem ainda com muito a oferecer.

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