Marvel Zombies: a decomposição em nível metalinguístico

Animação expande episódio de What If ao reunir grupo improvável de heróis

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Em 2021, a primeira temporada de What If inaugurou o hall de animações na Marvel, adaptando, aos trancos e barrancos, pérolas dos quadrinhos que provavelmente nunca veriam a luz do dia no Cinema. Entre as histórias, a clássica saga de mortos-vivos entre os medalhões do heroísmo foi bem recebida ao ponto de ganhar um derivado próprio. 

Quatro anos depois, Marvel Zombies estreia sob a bandeira da Marvel Animation, e só virou série pela cláusula do Homem-Aranha. No contrato, a Sony detém direitos sobre filmes, ao passo que o Teioso só pode aparecer em produções com menos de 44 minutos. São 4 os capítulos dirigidos por Bryan Andrews, que acompanham uma porção de personagens se reunindo em prol da humanidade.

Marvel Zombies foi criada por Zeb Wells, roteirista de Deadpool & Wolverine (Foto: Disney+)

Coração de Ferro, Gaviã Arqueira e Ms. Marvel começam a série vivendo bem à vontade numa mansão afastada. Até que um dispositivo coloca as jovens na trilha que leva a uma estrada de Deuses Caídos, uma base aquática e os portões de Nova Asgard, santuário para os imortais. 

Tratando-se de uma produção sobre zumbis, o sangue e as tripas são espalhados a esmo, com mortes gráficas e muita nojeira. Sem poupar ninguém, os heróis são trucidados por monstros comedores de carne e por raios solares que cegam e chegam a despedaçar o esqueleto de Rocket Racoon. 

Enquanto o filme do vampiro parece cada vez mais distante, Blade Knight é um espadachim de respeito em Marvel Zombies (Foto: Disney+)

A grande adição de Marvel Zombies ao grupo de adaptações é o Blade hospedeiro de Khonshu. Desenhado à imagem de Mahershala Ali, mas dublado por Todd Williams, o vampiro estreia na Marvel anos depois do embaraço criativo e burocrático que tornou-se o já anunciado, e deveras adiado, projeto solo. 

De resto, Zombies traz figuras batidas do MCU: além de Kamala Khan (Iman Vellani), Shang-Chi (Simu Liu), Katy (Awkwafina), Valquíria (Tessa Thompson) e Guardião Vermelho (David Harbour) protagonizam a linha principal da animação. De modo paralelo, Namor, Capitã Marvel, Ikaris e até versões corrompidas de Hulk e Thanos são vitais para o decorrer da história.

Marvel Zombies recria a chegada de Thor, voz de Greg Furman, em Wakanda, mas com conclusão para lá de diferente (Foto: Disney+)

Na vilania, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), aqui chamada de Rainha dos Mortos, encabeça o Mal e se prova uma dor de cabeça ininterrupta para os protagonistas. Do capítulo-base de What If, o diretor resgata o Homem-Aranha (Hudson Thames), a cabeça de Scott Lang (Paul Rudd) e a silhueta de Pantera Negra, que aparece pouco antes de se sacrificar e não tem fala alguma.

A razão é a mesma de outrora: honrar o legado de Chadwick Boseman. Porém, é risível o discurso que vai contra tudo que o astro propagava, já que manter morto o Rei de Wakanda impede outros talentos negros de assumirem o manto e continuarem o trabalho do ator, falecido em 2020.

O traço, sombreado nos piores detalhes, torna a animação um longo processo de reconhecimento e assimilação dos acontecimentos, com explosões demais e borrões que depois se confirmam como heróis do universo (Foto: Disney+)

A Tropa Nova faz uma pontinha, assim como a família da Viúva Negra (Florence Pugh) e o Barão Zemo (Rama Vallury). Riri Williams (Dominique Thorne) conta com a astúcia e proteção de F.R.I.D.A.Y. (Kerry Condon), na reutilizada armadura de Tony Stark, e Kate Bishop (Hailee Steinfeld) lamenta a transformação de seu mentor. Entre os zumbis superpoderosos, Okoye (Kenna Ramsey), Fantasma e a Vespa dão trabalho para os remanescentes de carne e osso.

Marvel Zombies não empolga como poderia, nem inova ou extasia quem assiste. Ao longo de quatro curtos episódios, a história é expandida dos conceitos de What If e, por sorte, brinca com a ideia de mortalidade e vingança que raramente dá as caras no restante das produções do estúdio. O final tem cara, cheiro e gancho de continuação. É só esperar para ver. 

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