Depois de um episódio sem eliminação, Drag Race Brasil sela a paz entre Melina Blley e Desirée Beck com uma bananeira — desta vez uma bem executada e ensaiada. E logo é hora do Desafio: o Snatch Game.
Sem tempo para mini-challenges ou bate-papo, Grag introduz a bucha da semana e traz junto dela os conselhos e a presença magnética de Kelly Heelton, brasileira que competiu no Drag Race Alemanha.

A melhor jurada convidada da temporada oferece insights que só alguém que passou pelo mesmo ambiente poderia, além de servir também nos dois looks que desfila e nas piadas que troca com as competidoras.
Já corta para o palco principal, onde Grag introduz o Snatch Game 2.0, que tem Kelly e Dudu Bertholini na bancada de competição. As perguntas variam entre o sucesso de Fernanda Torres, os empreendimentos de Andressa Urach e os feitos de Madonna depois do show de Copacabana. Ou seja, mantém-se as atualidades nacionais com direito a shade. Vamos passar de queen em queen:

Ruby Nox é Clodovil: a rata de Recife apostou numa figura imaterial da cultura brasileira, e acertou no tom de voz e das piadas, com aquela classe que o apresentador era conhecido. Apesar de acabar entre as Salvas, Ruby destacou-se em mais um desafio que Drag Race joga em seu colo. E o look de La Ursa, cheio de sensualidade e esmero técnico, só adiciona pontos ao seu impecável histórico no programa.
Melina Blley é Milton Cunha: um arraso! Da maquiagem ao figurino aos maneirismos e o conteúdo das falas, a queen arrasou em tudo. Ficou com a medalha de prata, talvez pela “facilidade” de inserir o carnavalesco no mundinho de Drag Race; na passarela, o visual club kid trabalhado nas pelúcias foi de cair o queixo.

Poseidon Drag é Júlia a Única: embora demorou algumas piadas para que eu identificasse a personagem, Poseidon conseguiu soltar as frases conhecidas e fez o melhor que pôde com um material ralo. Ficou no Low, salva pelo look bafônico que ia de Sansão à dominatrix num pulinho de coelho.
Mercedez Vulcão é Elke Maravilha: desde a introdução do capítulo, quando a queen falou sobre a pressão e este desafio ser o momento ou vai ou racha de sua trajetória, ficou claro que Vulcão ou iria sair com broche ou iria sair do Ateliê. O medo de caçoar de Elke, aliado a um visual escasso de capricho nos detalhes, transformou-a na terceira eliminada do Drag Race Brasil. Merda, Mercedez!

Desiree Beck é Xuxa Verde: a escolha mais arriscada e nichada do episódio ficou a cargo da Perua. E para exorcizar o passado do Caravana das Drags, Desirée trouxe a Xuxa Verde com toda sua mitologia, boneco, disco ao contrário e até uma cartinha da querida fã Hellena Malditta (pena que o desejo dela de vencer a Coroa vai ficar no campo da imaginação!). A vitória de Desirée, junto de um look caprichado mas aquém dos detalhes que outras queens trouxeram para a passarela, parece mais como um afirmativo para o amanhã. Que as futuras competidoras apostem no arriscado e tentem o desconhecido.
Adora Black é Linn da Quebrada: aqui é o caso de uma celebridade que possui uma dialética própria e difícil de se misturar. As rimas, considerações, poesia e o timbre de Lina foram a armadilha para Adora, que ensaiou algumas referências (o limão mofado, nada inocente!), mas não fugiu disso. No fim, o look de silhueta fantástica e textura admirável não salvou a pior performance da semana — mas o Lip Sync ao som de Tombei deu sobrevida a fashion queen. Semana que vem tem desafio de costura, o que pode eletrizar Adora e devolvê-la ao topo da matilha.

Bhelchi é Maya Massafera: sem voz, mas com muito arsenal humorístico, Bhelchi jogou seguro mas fez bonito. Sua Maya tinha a rouquidão, a futilidade e os trejeitos necessários para que Grag e os competidores morressem de rir. Na passarela, desfilou seu visual furry diretamente para o grupo das Salvas.
Mellody Queen é Karol Conká: a mineira não precisou encarar um tombo, e a vida depois da queda (o Lip Sync ao lado de Desirée) provou-se gloriosa. No Top 3, Mellody impressionou com uma ursa gélida na runway, e no desafio conseguiu filtrar o necessário para que sua Karol soasse fiel e ao mesmo tempo original. E quando as câmeras cortam para ela no anúncio da música da Dublagem, Mellody sorri, ciente da ironia.

O Snatch Game da segunda temporada representou um sólido desafio para o elenco, mas ficou claro que nenhuma das oito queens superou a dominância da Narcisa ou Dilma da temporada anterior. Não tem problema, já que quanto mais, melhor!
A montagem do episódio, omitindo risadas, interações e cortando fatias sem discernimento à opinião dos jurados, gerou um ruído barulhento por parte de competidoras e da apresentadora. Sinal de que, na sala de edição, Drag Race Brasil precisa de um Makeover.
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