Depois de uma estreia sem eliminação, Drag Race Brasil começa o segundo episódio, chamado de Rainhas de Papel, abrindo mão da abertura “fria” pós-Dublagem pela Vitória que assegurou a Ruby Nox o posto de Winner da Semana. É um novo dia no Ateliê, e Melina Blley aceita o shade das amigas, que não deixarão a queen esquecer do próprio esquecimento, isto é, a letra trilíngue de Funk Rave.
Grag Queen interrompe a conversa com um Mini-Desafio caricato: personalizar uma das calcinhas de Silvetty Montilla e partir para uma luta de bate-cabelo. Conhecida pela modalidade, Mellody Queen vence o segundo mini-challenge da temporada, e ganha a vantagem de dez segundos na escolha de materiais para a tarefa da semana.

É dia de construção e costura – e as 10 divas trabalharão com papel. Nada de tecido ou materiais maleáveis, aqui a variedade vai de papelão, a crepom e higiênico. De cara, as costureiras do grupo se apresentam ao desafio e, mais tarde, são elas as reconhecidas no Top.
Na bancada de jurados, a vice-campeã do Drag Race Suécia, Fontana, agraciou as queens com suas críticas e, na maioria, uma chuva de elogios. Ao lado dos sempre presentes, embora ainda deslocados, Dudu Bertholini e Bruna Braga, as deliberações do capítulo variaram entre o óbvio no Top, e o questionável no Bottom.

Algo fascinante acontece nesta semana no Ateliê: duas costureiras de mão cheia se enfrentam – e apenas uma sai vitoriosa. Semelhante aos embates de Q, Nymphia Wind e Dawn na season 16, que sempre disputavam os louros de criação, Adora e Bhelchi confeccionaram visuais de cair o queixo. Mas, falando de maneira franca, Black estava milhas à frente da companheira. É tudo tão pensado e ordenado que não parece papel.
O melhor dos elogios para este desafio dificílimo e que as queens conseguiram não apenas triunfar, mas serem reconhecidas internacionalmente pelo trabalho duro. Ao lado delas, Desirée desencantou com uma silhueta chique e acabamento invejável. Usou filtros de café para esculpir a longa cauda, adornada com joias azuis e uma peruca loira que só deixou a perua bem na fita. Ótima semana para as três, especialmente Bhelchi, que saiu de um Bottom para a medalha de prata.

O grupo de queens salvas pode muito bem ser dividido entre quem quase foi Top e quem se livrou do Bottom por pouco. Ruby Nox impressionou com o visual de princesa, com direito a coroa e abraço de tecido azul, e poderia figurar entre as Melhores, não fosse o choque visual de Desirée e seu dourado marcante. Mercedez Vulcão também se saiu bem, embora o capuz florido tenha sido melhor na teoria do que na prática.
Mais abaixo, Paola Hoffmann Van Cartier foi no básico e conseguiu passar raspando, num vestido curtinho com cara de projeto de artes plásticas. O padrão triangular, aliado às cores contrastantes, dificilmente impressionariam os jurados, que buscavam glamour e inventividade. Melina Blley é a queen que poderia trocar de posição com Mellody, mas seu trabalho de trançar o papel a livrou de uma passagem pelas Piores. A silhueta sem cintura e os peitos um tanto tortos impediram a ideia de ser concretizada a altura de seu potencial.

A primeira eliminada da temporada foi Chanel, uma queen de pouca idade e muito talento, que caiu em um infortúnio do destino. O papel higiênico era o mais trabalhoso e imprevisível material, e nem a piada escatológica melhorou o clima. Antes, quando se emocionou ao lado de Mellody ao falar sobre a realidade trans e travesti no Brasil, o programa ajudou a encerrar um arco prematuro mas muito importante para o reality.
A mineira, que mais uma vez foi protagonista do episódio mesmo sem vencer o dublar, pecou pelo excesso no visual de guerreira de Wakanda, e foi advertida de maneira um tanto gratuita por Dudu (naquela peruca rosa que pertence ao lixo reciclável), mas no fim acabou assegurando sua posição na competição – e na semana 3, com desafio de performance, tem tudo para chegar ao topo.
Quem eliminou Chanel foi Poseidon, numa roupa rosa-choque mais simples do que o esperado. É óbvio, depois de duas passagens pelo Bottom, que os jurados não se conectaram à estética e a presença dela, criticada pela falta de atenção aos detalhes e a simplicidade da apresentação. Quem esperava sua saída, afinal, Chanel tinha um High na estreia, se assustou. Ultra Som foi a trilha sonora dos pesadelos da rainha de Niterói, que saiu emocionada e com uma promessa de estrelato e grandeza dita por Grag. Até logo, Chanel – e que você faça bom uso do inglês…

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