Detentora de recordes incalculáveis e irrastreáveis da Netflix, Round 6 voltou à ativa em sete episódios lançados no período natalino. Alguns anos – e muitos prêmios, badalo, cansaço e expectativa, separam os novos jogos dos que vieram antes. Mas para o criador e diretor Hwang Dong-hyuk, a ideia se mantém.
Gi-hun (Lee Jung-jae) continua sua vendeta pessoal em busca do organizador dos jogos, e não hesita ao gastar o prêmio vencido com buscas, informantes e até barcos que navegam pelas turvas e violentas águas marítimas. Empenhado, também, está o policial Jun-ho (Wi Ha-jun), baleado à beira do penhasco e resgatado por um pescador antes de morrer.
Juntos, eles fazem o possível para reencontrar o Recrutador e, de uma hora para outra, estão mais uma vez na cola dos VIPs e seus patrocinadores. Dizer que a segunda temporada de Round 6 circula ao redor dos mesmos temas da primeira não seria mentira nem desilusão.
Afinal, como antes, um novo grupo de jogadores entra nos dormitórios e se dedica às provas mortais. A cada morte, mais dinheiro preenche o cofrinho. A cada morte, mais perto do outro fim da linha o protagonista está. Ele mantém a alcunha de 456, e na Arena é reconhecido por Jung-bae (Lee Seo-hwan), amigo de longa data que divide com ele os vícios em apostas e as dívidas astronômicas.
Agora, 456 não joga apenas por si – e forma uma rede de apoio que ainda contém um ex-fuzileiro naval, uma garota grávida e o infame 001 da vez, ninguém menos que o Organizador dos Jogos (papel de Lee Byung-hun), que adentra no território inimigo para entender as dinâmicas mudadas do Squid Game. O roteiro dramatiza as diversas instâncias e arquétipos do novo ano, ao mesmo tempo em que entende o papel transitório dos episódios inéditos.
Com a terceira temporada confirmada, gravada e anunciada como a última, Round 6 avança a história até onde pode – segurando as cartas e desviando de atalhos. Quem esperava resoluções à risca do que o final da temporada anterior prometeu, sairá decepcionado. Esqueça o cabelo vermelho e a filha pequena, agora o foco é todo na tentativa de desmoronar o império de dor, morte e tráfico de órgãos.
Indo além dos jogadores, a temporada invoca figuras atrás das máscaras (como a animadora infantil que atua como assassina e quer proteger um conhecido), além de povoar o coliseu do dormitório com personagens que vão do asqueroso ao amável. Tem de tudo aqui: mãe idosa e filho adulto sem responsabilidades, o pai do bebê da garota grávida e seus inimigos, pegos numa fraude que envolve criptomoedas.
Uma mulher trans que quer o dinheiro do prêmio para investir nas cirurgias de redesignação sexual e mudar-se para uma vantajosa Tailândia; e um bad boy rapper que se autointitula Thanos, pinta as unhas na cor das Joias do Infinito e engole balinhas de ecstasy antes de cada jogo. É melhor parar por aqui para não entregar muitas das surpresas da série, que até repete o magnetismo da boneca-assassina, mas foca também em desafios distintos e tão sangrentos quanto os anteriores.
A sensação de que o mundo roda no mesmo eixo é constante ao longo dos capítulos, que mesmo assim cumprem o papel de aventurar-se nessa mitologia enquanto o destino continua alguns quilômetros à frente. O final insere um gancho vagabundo no que poderia ser uma ponte melhor pavimentada e não apenas a porta de entrada para o que será a conclusão grandiosa de Round 6. Até lá, o júri permanece em repouso.
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