Tão tumultuada quanto a chegada de Valentina como apresentadora da versão mexicana de Drag Race, foi sua saída do cargo. Junto, outro mistério: por alguma razão, das temporadas nascidas da parceria com a Paramount, apenas esta voltou. De prontidão, sem esperar as companheiras no Brasil e na Alemanha, que até agora aguardam notícias do lado de lá.
Para Drag Race Mexico 2, Taiga Brava embarcava como co-host, ao lado de Lolita Banana. E, o que poderia servir algum clima de velório ou sensação de desconforto, foi logo tomado por um ambiente de companheirismo e amizade. Brava, vencedora do segundo ano de Queen of the Universe, tem boa relação com as queens do país e muita história com algumas delas.
Para tal, a camaradagem esteve presente desde o início, com um elenco maior que o anterior. Foram 13 queens, que, divididas ao longo de 12 semanas, se divertiram e se emocionaram no Ateliê. Ao mesmo tempo, Taiga e Lolita iam encontrando o tom ideal de suas personas, harmonizando o humor e o shade, e, no contexto da mais platônica das relações de trabalho, floresceu um final de conto de fadas.
E se o nervosismo de Valentina – junto de sua incerteza na língua nativa -, foram elementos que moldaram a vitória de Cristian Peralta, em 2024 não teve um pingo disso. Na estreia, as treze candidatas ao posto de Próxima Superestrela Drag foram do básico para o glamour, desfilando um look que representasse suas raízes e costurando um segundo, com os materiais de qualidade precária disponíveis.
Subiu ao posto de favorita a estilosa Elektra Vandergeld, enquanto Ignus Ars foi mandada embora sem receios. Lolita avisou: os Lip Syncs ruins da temporada 1 não deveriam se repetir aqui, e nada de favores como as primeiras impressões. Na sequência, uma Batalha de Dança começou o massacre da família De La Fuente.
Nina de la Fuente chegou com ar de mãezona e acompanhada das filhas Garçonne e Suculenta. Apesar do carinho, ela foi a segunda eliminada: e vítima de Unique, a queen com etiqueta de Assassina, que também empacotou as malas das outras duas. Garçonne, a Miss Look Perdido, saiu na semana 4, no desafio dos Grupos Musicais, e Suculenta, na sexta, quando a tarefa era costurar visuais com base em esportes.
Unique protagonizou um caso raro na franquia, quando foi advertida por Lolita a respeito dos Lip Syncs: na próxima você vai embora! E a diva se esforçou, entregou uma disputa acirradíssima no Snatch Game (quando perdeu, por um triz, para Luna Lansman) e ainda venceu o Desafio do Programa Matinal. Com um track record colorido à beça, Unique também foi o outro membro da parceria com Jenary Bloom.
Imitadora da Katy Perry e subestimada pelos produtores, Jenary foi porta-voz de temas de grande relevância, como sua identidade de gênero e a relação com os familiares, acumulando 3 vitórias. Além do Girl Group, ganhou o Rusical temático das novelas mexicanas e ainda o Morning Show. Sim, acabou dublando nas semanas antes da Final, mas eliminou a amiga Unique e a antes favorita Elektra, no momento mais chocante da temporada.
Do grupo que saiu antes da metade da season, vale ressaltar o protagonismo dado à María Bonita, que também foi eliminada em uma reviravolta da edição, que parecia favorecê-la com muito tempo de tela. Ava Pocket notoriamente marcou sua participação pela ligação com outra queen: sua ex-companheira Visa, do Drag Race España – as duas interpretaram o mesmo personagem no Snatch Game, e Ava recebeu o Sashay Away neste dia.
Luna Lansman foi outra falsa-protagonista que a edição quis iluminar como possível finalista. Depois de um começo tranquilo, foi para o Bottom, ganhou dois desafios seguidos e saiu imediatamente depois. Drag Race Mexico 2, porém, nunca escondeu o fascínio pelas outras três finalistas, que, ao lado de Jenary, marcaram uma Final sem candidata óbvia. Depois dos 5 Wins de Cristian Peralta na season 1, essa resolução manteve o fôlego da temporada.
Leexa Fox mandou embora o status de básica e venceu o Ball com um visual inspirado e diferente, e mesmo na fraqueza, fez do Lip Sync contra Horacio Potasio um ponto de discussão e reverência para as mais jovens do elenco. Potasio, drag daughter de Gala Varo, ganhou dois desafios e dublou o mesmo número de vezes, mostrando a versatilidade que RuPaul costuma prestigiar com uma Coroa, um cheque e um cetro.
Eva Blunt, a única queen a não passar perto das Piores da Semana, carregou seu legado de polidez e finésse com orgulho, mas não recebeu muita margem para contar sua história. Além da frustração de não conseguir uma Vitória até a sexta semana, a experiente drag navegou pelas narrativas alheias, sempre arrasando quando o assunto é passarela e desfile.
A vencedora Leexa Fox, antes participante do reality local La Más Draga, ganhou no tira-teima, numa Grande Final marcada por Show de Talentos diversos, looks belíssimos e um Lip Sync ao som de Shakira. Divertida como a franquia mexicana nunca se permitiu ser, a segunda temporada uniu desenvoltura e honestidade. No Roast das finalistas da season 1, choveram gongadas de doer o estômago. No Makeover, as familiares de sangue tornaram-se filhas drag em estilo luta livre. E na hora de sagrar a campeã, Drag Race não decepcionou.
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