River Cartwright está morto. Ou quase isso. Se depender de Jackson Lamb (Gary Oldman), o corpo identificado erroneamente na casa do avô do jovem é o de River, que saiu escondido numa viagem rumo à França e ao passado. Na 4ª temporada, Slow Horses continua a esbravejar seu poderio narrativo num ano marcado pela crueldade.
Jack Lowden encara a missão de viver um River mais selvagem e visceral, que passa por poucas e boas no país vizinho e precisa enfrentar uma figura de maldade aparentemente infinita. Para o papel, a série escala Hugo Weaving, que nasceu com cara de vilão e não decepciona.

Com foco na história pregressa de David Cartwright (Jonathan Pryce), perdido nas memórias que a velhice e a demência embaralham, os seis episódios são dirigidos por Adam Randall, e dividem os Pangarés em missões paralelas em busca de salvar o prodígio fracassado.
Deixando claro o motivo de cada um dos agentes estar preso ali na Slough House, as falhas humanas dos protagonistas são o que de melhor define sua humanidade. Marcus (Kadiff Kirwan) volta a cair no vício das apostas, e nem as caretas que gera em Shirley (Aimee-Ffion Edwards) são capazes de salvá-lo. Ela, por outro lado, mantém a fama de Zé droguinha – e tampouco busca despistar tal rótulo.

Depois de se demitir do Serviço no final do terceiro ano, Catherine Standish (Saskia Reeves) ainda alimenta o rancor e a lealdade à Lamb, e ajuda no que consegue quando o assunto é proteger e transportar David. No fogo cruzado, Roddy Ho (Christopher Chung) cai no golpe da namorada robô, e o novato Coe (Tom Brooke) é todo feito de mistérios e soluções improváveis, mas bem sucedidas.
A surpreendente vitória do prêmio de Roteiro na última edição do Emmy transformou Slow Horses num azarão para reconhecimentos futuros. Na disputa de 2025, as indicações diminuíram, muito pelo retorno das canibais campanhas de shows como The White Lotus e Severance.

Além da repetida menção em Drama, Ator para Oldman, Roteiro e Direção para a season finale Hello Goodbye, a série disputa em Direção de Elenco e só. Com apuro técnico e muita elasticidade nas interpretações, Slow Horses merecia os dígitos duplos que os atores das demais séries citadas conseguiram. Onde está o reconhecimento de Jonathan Pryce? E de Saskia Reeves?
Que Oldman se sobressai com seu asqueroso mas prestativo Lamb, é história repetida. Na quarta temporada, de banho tomado (ou quase isso), o chefe parte para o ataque e até perde alguns de seus Joes, em momentos que o ator britânico constrói com benevolência, rebeldia e aquela inescrupulosa aura do mítico personagem. Não fosse o trabalho astuto de Noah Wyle em The Pitt, seria fantástico ver o pangaré senior campeão da categoria.
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