A embaixadora Kate Wyler (Keri Russell) nunca teve trabalho fácil, mas o pontapé da 3ª temporada de A Diplomata cria problemas inéditos. Com o presidente americano morto, quem assume o cargo é Grace Penn (Allison Janney), a mulher a quem Kate e seu marido ameaçaram expor por uma crise de magnitudes internacionais.
Mas é o bem do país quem rege o compasso moral da dupla de protagonistas. Quando o pedido chega para que Hal (Rufus Sewell) assuma a vice-presidência, cadeira até então prometida e desejada por Kate, o casamento acaba em definitivo. Ao menos na esfera particular, já que o posto de segunda-dama drena de Russell o resto de humanidade e proatividade que ela gasta à rios desde os tempos de agente de campo.

Separando Hal e Kate por um Oceano, A Diplomata entrega seu maior ano, com oito episódios em vez dos habituais seis. Desta forma, a trama anda mais devagar, com consequências nascidas na temporada inicial e que só agora explodem no ventilador. Entre as novidades, para além da jornada dupla de Kate, há o surgimento de um romance com o consultor Callum (Aidan Turner).
No salto temporal que acontece entre a posse de Penn e a descoberta de um “espião” com informações drásticas sobre o ataque ao cargueiro britânico que deu início ao programa, a criadora Debora Cahn dá conta de estabelecer os novos horizontes de Kate – e a infelicidade de Hal. Até um flashback para o primeiro encontro e surgimento do casamento deles serve de catalisador para a nova fase.

E Kate, mais uma vez ancorada nas caretas e na fisicalidade de Russell, teima a repetir os vícios de relacionamento e brigas com o novo parceiro, que não morde a isca e, pior ainda, a castiga por tais atos. No plano maior, uma crise nacional acomete o regime de Penn, traída pelo Primeiro Ministro Nicol Trowbridge (Rory Kinnear), e validado pelo ministro de relações exteriores, de quem Kate era íntima até então.
O momento, capturado em rede internacional, coloca a embaixadora em regime fechado, isolando também figuras como Stuart (Ato Essandoh), braço-direito da mulher, e Eidra (Ali Ahn), a chefe da CIA que se vê esquecida pela chefe e amiga. Motivos não faltam para o descontentamento dos britânicos e dos subalternos com Kate, que nada à braçadas no mar bravo da política mundial.

Um isolamento é sucedido pelo jantar entre representantes das duas nações, onde Kate precisa negociar do alvorecer ao anoitecer, comumente espremida entre as funções de diplomata e segunda-dama. Soma-se ao ambiente a presença dos cônjuges, e a adição de Tracy Ifeachor no papel da recém-casada esposa de Denison (David Gyasi).
Se Veep fosse uma série de drama, provavelmente seguiria a toada de A Diplomata, uma série de streaming que se recusa a ser medíocre e constantemente eleva o patamar da Netflix. O respiro final da terceira temporada, eternizado em fotografias com cheiro de filme de assombração, denotam a coragem e a impetuosidade dos produtores, famintos pelo conflito idealista que abarca a vida comum e profissional de duas pessoas dispostas a fazerem o outro sofrer.


Deixe um comentário