Toda sexta é 13: Infestação

Tráfico de animais, drama familiar e muitas, muitas aranhas

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Alerta aos aracnofóbicos: esse não é o melhor filme para uma sexta-feira à noite. Agora, se você não tem medo de aranhas, talvez Infestação faça você ter. Dirigido por Sébastien Vanicek, o longa francês mira na simplicidade da fobia para contar sua história, mas acerta em uma provocativa análise sobre as dinâmicas de classe do país.

Kaleb (Théo Cristine), muito apaixonado por sua coleção de animais exóticos, entre cobras e escorpiões, compra uma nova aranha estrangeira para integrar a família. O (ainda) pequeno animal veio traficado e acabou parando numa caixa de sapatos improvisada no quarto do jovem, em um prédio gigante e superlotado na periferia de Paris. O resultado você já consegue imaginar: ela foge.

Com uma reprodução relâmpago que, a cada leva de aranhinhas, elas nascem maiores, Infestação brinca com a biologia para criar esses grandes monstros de oito patas que conseguem acomodar seus ovos dentro de cadáveres e transformar corredores inteiros em armadilhas de teias. As imagens que Vanicek produz arrepiam todos os pelos do corpo; o diretor sabe cutucar aquela aflição adormecida de ter patinhas peludas se arrastando pelo seu braço e transforma essa agonia em terror puro e genuíno.

No entanto, Vermines, no original, não esconde seu comentário brutal sobre violência policial, desigualdade e o tratamento que imigrantes, refugiados, negros e pobres recebem na sociedade parisiense. A comunidade do edifício é rapidamente isolada, impedida de sair e obrigada a ficar fechada com aranhas violentas e venenosas para “conter a infestação”. Além disso, os embates e os dramas vividos pelos personagens enquanto lutam para sobreviver cumprem seu papel em cativar o público o suficiente para torcermos por suas vidas.

Assim, a criminalização da pobreza se mostra uma realidade universal pelas lentes e teias de Sébastien Vanicek, que faz com que seu filme desponte entre as joias escondidas da leva de horror de 2023.

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