Há 50 anos, Leatherface e sua família rastejavam para fora da mente perversa de Tobe Hooper e serviam um belíssimo jantar para uma audiência escandalizada com a brutalidade daquela produção de baixo orçamento. O Massacre da Serra Elétrica, lançado em 1974, agarra o alto índice de desemprego, a chegada das máquinas ao ambiente de trabalho e a crise energética dos Estados Unidos e cria uma narrativa sádica e pulsante sobre cinco jovens que resolvem dar carona para a pessoa errada.
Em apenas 83 minutos, Tobe Hooper nos joga debaixo do sol escaldante do Texas e espalha nossas entranhas pelo asfalto quente com seu realismo brutal, que não poupa Sally Hardesty de experienciar o pior dia de sua vida. Acompanhada do irmão e dos amigos, a mocinha vivida por Marilyn Burns viaja ao local onde seu avô estava enterrado para garantir que seu túmulo não havia sido violado como muitos outros na região. Para ela, o passeio se transforma em um verdadeiro abatedouro de adolescentes. Para nós, ele se torna o melhor filme de terror já feito.
O diretor, que também escreveu o filme ao lado de Kim Henkel, imprime em sua história uma insanidade exagerada. O que vemos é uma sinfonia de gritos alucinados, risadas histéricas e olhos esbugalhados banhados pelo amarelo árido do dia e pelo azul sufocante da noite, que potencializam a ameaça de um dos assassinos em série mais famosos do Cinema.
Leatherface já nasce uma estrela. A performance de Gunnar Hansen, com aquela altura assustadora e aquela máscara de pele humana, mantém o espírito do filme fresco cinco décadas depois. Meio subserviente e assustado, meio cruel e assustador, ele faz com que tudo ao seu redor ande em câmera lenta enquanto ele se ergue com sua motosserra e destrói tudo que vê pelo caminho. Ensandecido e glorioso.
A influência de O Massacre da Serra Elétrica é atemporal. Seja culpa de um abatedouro falido ou de Saturno retrógrado, a verdade é que o filme de Hooper traçou o próprio caminho rumo aos louros do inferno. E, assim como os irmãos Hardesty, nós também somos atraídos pelo cheiro de carne podre e caímos diretamente em sua armadilha irresistível.
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